quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Excelsior Report – Edital de Convocação



Imagem com fins unicamente de ilustração e exemplo, não se tratando do design final para a capa do projeto

A ideia:


Fazer uma revista periódica (mensal se der) que trate de assuntos relacionados a cultura pop e entretenimento em geral, como: quadrinhos, cinema, animação, mangá / anime, series de TV, games, música, internet, TV, esportes, baladas, humor e etc, mas que também tenha um enfoque em acontecimentos do mundo real, como políitca, comportamento, atualidades... Em um formato que se aproxime o máximo possível de uma revista profissional com seções fixas, artigos trabalhados, HQ´s independentes, entrevistas, diagramação arrojada e que seja elaborada por fãs, apreciadores e entusiastas – uma revista de variedades com conteúdo diversificado com elementos das revistas mainstream consagradas no mercado, mas com um caráter inovador e postura totlamente independente em formato digital que esteja disponível e ao alcance de todos, disponibilizada gratuitamente através de sites e blogs da Internet.
O nome Excelsior! Report vem da celebre expressão "Excelsior" imortalizada pelo grande Stan Lee, o maior criador dos quadrinhos de todos os tempos e "Report" é exatamente o que a palavra significa:
report
v. relatar; informar
s. relatório, relato; notícia, informação; reportagem – ou seja uma fonte de informação de assuntos relativos ao entretenimento e cultura pop.


Outro objetivo com este projeto é o de formar uma rede de colaboradores e amigos com interesses em comum para intercambio de idéias e formar parcerias em trabalhos independentes e / ou profissionais, servindo como portfólio e divulgação do trabalho e de contato de artistas e profissionais de suas áreas. E também novas amizades – por que não?


Todos aqueles que queiram participar serão bem vindos. Contatos, idéias, sugestões, criticas e tudo mais relativo ao projeto Excelsior Report, podem ser tratados aqui mesmo nos comentários deste post ou na comunidade "projeto Excelsior Report" no Orkut, em tópicos abertos por lá. Trabalhos, propostas, desenhos, sugestões, contatos, artigos, críticas, resenhas, etc. e outros materiais podem ser enviados na seguinte conta de email exclusiva para isto: liefeldson@hotmail.com.


Todos os e-mails serão respondidos de acordo com a disponibilidade de tempo. Quem quiser se informar diretamente com a direção do projeto pode adicionar o msn: jessecusterisgod@hotmail.com ou aqui mesmo no www.naturalhigher.blogspot.com, um dos canais de comunicação, além de ser um dos locais de distribuição da revista quando pronta – se possível antes da páscoa de acordo com o material adquirido. Já temos uma série de entrevistas encomendadas com vários desenhistas brasileiros que estão trabalhando nos States e futuramente outros profissionais de diversas áreas e alguns dedicados colaboradores para o projeto, tanto pra escrever, quanto pra diagramar.
Então, se você tiver algum material que se enquadre na proposta do projeto, seja - mais uma vez - muito bem vindo.


… nuff´said!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Review: Marvel Apresenta 31 – As Incríveis Aventuras de Stan Lee




Este review tá bem atrasadinho, mais pelo tempo que saiu a revista por aqui (agosto) do que outra coisa, já que faz pouco tempo que eu a li, mas uma coisa que eu percebi em outros sites e blogs é que review de revista é uma coisa que costuma atrasar mesmo, então acho que tô na tolerância e vou escrever desse gibi assim mesmo.

Depois dessa desculpa esfarrapada, vamos aos trabalhos - só deixa eu buscar o charuto, a farofa amarela e a pipoca. As Incríveis Aventuras de Stan Lee é uma série comemorativa que a Marvel lançou nos states no ano passado pra comemorar os 65 anos de Stan “The Man” Lee na editora. São 5 edições especiais, com algumas de suas criações preferidas (Homem-Aranha, Doutor Destino, Doutor Estranho, Coisa e Surfista Prateado) e em cada, uma historia escrita pelo próprio Lee, uma secundária produzida por outros grandes nomes da industria dos quadrinhos norte-americana – tirando o Jeph Loeb, que seria bem melhor que ficasse de fora, só fazendo consultorias pra séries de tv, pelo menos lá, a gente não sabe exatamente o que ele faz na verdade e se ele fizer alguma cagada não vai incomodar ninguém. Se bem que até a historinha do Loeb, apesar de ser a mais fraca de todas, não foi tão ruim assim, ficando bem acima de algumas coisas medonhas como Superman / Batman e Ultimates Vol. III (o qual eu ainda nem vi e já não gostei).

De bônus, ainda tem várias historias curtas de artistas independentes americanos como Fred Hembeck (Fred Hembeck Destroys The Marvel Universe) e o Chris Giarusso das tirinhas Pequenos Heróis Marvel que saiam na seção de cartas das revistas quando a Panini começou a publicar a Marvel em 2002 aqui no Brasil.

A primeira historia mostra o encontro do velho mestre com o monarca da Latveria, o Doutor Destino, que pra muitos é o maior vilão de todos os tempos – bem, eu prefiro o Magneto (lá vem porrada…). O legal nessa história é ver depois de infinitas interpretações, o velho Doutor dos primórdios do Universo Marvel. Cara, é a melhor interpretação do Doutor Destino de todos os tempos – a da fase do Byrne no Quarteto tá quase lá também.

As antigas historias do Quarteto eram espetaculares, principalmente por sua simplicidade. O Doutor Destino é o clássico vilão que sempre tem um plano mirabolante e se ferra no final. E foi essa essência clássica dos vilões de contos de fadas que Lee utilizou em sua abordagem do fanfarrão-mor da Marvel, um vilão que é pura e simplesmente mau e é a representação perfeita do arquétipo do vilãozão sem pretensão alguma de que seja um vilão pra ser levado a serio – confiram principalmente os diálogos. O Doutor Destino pra mim é um cara que é mau e pronto. Sem frescuras, sem rodeios. E o véio sabe como mostrar isso – afinal foi ele quem o criou.

O desenho de Salvador Larroca dá o ar de “nobreza” que a historia pede, principalmente por se passar no reino da Latveria, na sala do trono do Doutor Destino e bla, bla, bla. É um estilo que chega a ser meio cansativo, devido ao seu virtuosismo plástico e se apoiar muito nas cores, mas ficou bacana, talvez por a historia ser mais curta do que o convencional.

Em seguida, ele… o homem, o mito, amado por alguns (poucos) e odiado por (quase) todos: Jefe Lobo e seu parceirinho de quase todas as horas: Ed Mc Guinness. Aqui, ele não deu mais uma de suas habituais mancadas e sua historinha até serviu pra complementar a anterior, dando um apanhado geral dos confrontos entre Destino e o Quarteto Fantástico na fase Lee/Kirby. Finalzinho previsível, mas legal – Pro Loeb.

Tem uma Historinha de duas páginas “Fiel Leitor” bem bacaninha, mas não creditada.

Na historia de Lee com o Doutor Estranho, o que chama a atenção mesmo pra mim, é ver um dos meus desenhistas preferidos de todos os tempos: Alan Davis – o cara pra quem o rei dos fanboys, Bryan Hitch deve o seu braço direito. Cara, eu sou muito fã do trabalho do Alan Davis. É claro que em certas partes, seu desenho é totalmente previsível e algumas cenas remetem à outras já vistas anteriormente. Mas mesmo assim, ele tá no topo pra mim dos desenhistas que eu mais curto e se tivessem chamado o cara pra fazer Civil War, teria sido espetacular. Quanto a historia, bem esquisitinha, mas legal até. De primeiro, não tinha curtido muito essa, mas depois lendo outra vez, simpatizei mais com ela. Tudo OK até aqui.

E continua melhor ainda: a historia do Homem Impossível serve meio que como uma breve análise-retrospectiva-critica dos últimos acontecimentos que ocorreram na Marvel e foi feita pela dobradinha manjada das historias do Aranha Ultimate: Bendis e Bagley. Muito legal mesmo. Teve até uma cutucadinha nas merdas que o Strasczinsky (acho que escrevi certo, se não, algum corno que se habilite a corrigir e deixe um recado em alguma comunidade no Orkut) andou fazendo com o Homem-Aranha tradicional. Mas então, legal mesmo essa historia e o tour do Impy pela redação da Marvel ficou muito engraçado. Uma coisa que eu tava pensando: não podiam ter escolhido personagem melhor pra essa historia. Não só por causa das habilidades de teleporte do Homem Impossível, mas sim por utilizá-lo como um recurso pra representar o típico leitor e fã xiïta de quadrinhos que esperneia quando mexem em algum “cânone sagrado”, quando ocorre alguma mudança nos personagens e no jeito de se contar as histórias. E qualquer leitor da Marvel sabe que o Homem Impossível não passa de uma pateta e que ninguém o leva à serio – assim como leitores xiitas não merecem serem levados a serio e não, não sou um deles por escrever aquela critica da Civil War, a galera é que me entendeu mal.

Diretor Stanley, do Chris Giarusso é bem engraçadinha também, mas quem lia as tirinhas dele que saiam aqui nas revistas da Panini e no site da Marvel vai achar que duas páginas foi muita encheção de lingüiça (pelo menos eu achei).

Podem me achincalhar, mas eu me decepcionei um pouco com a historia do Aranha. Eu esperava alguma coisa diferente, sei lá… Parece que ficou meio manjada principalmente pelo lance do Aranha aparecer pra pedir uns conselhos pro bambambã. Muito parecida com a historia do Destino, mas foi uma sacada muito boa a resposta que Lee deu pro Aranha. Outra coisa pra dar uma olhada é na hora que Stan põe um disco do Jorge Ben na vitrola e vai rolando uma letra de alguma música e os desenhos estilão retrô, puro anos 70. Mais uma prova do que a criatividade é capaz pra superar as barreiras e limites de uma mídia sem som e movimento. Pontos pro desenhista Olivier Coipel e o colorista Morales.

Depois disso, o momento mais nerd da revista. Eu curto muito o que o Joss Whedon vem fazendo em Astonishing X-men, mas essa história – mais a conversa dos 3 caras me deu nojo. Parece aquela música do Legião …festa estranha, com gente esquisita… - Eduardo e Mônica. Só que aqui ficaria “convenção estranha, com nerds esquisitos, eu não to legal…”.
Tem umas sacadas legais tipo: O Quarteto Normal, O Incrível Doc Banner de Mau Humor, Gwen Stacy morta por Herpes-Zoster… mas é muita nerdice pra mim. Não gostei.

Nos anos 80 saiu uma revista chamada Fred Hembeck Destroys The Marvel Universe de um tal de… tcharans, Fred Hembeck. Nunca li essa historia e nem sei quem c@r@lh0$ é Fred Hembeck, só sei que é uma puta esculhambação com os heróis Marvel e só. Na historinha de duas páginas dele, dá pra perceber um estilo bem MAD, bem americanóide, mas mesmo assim é uma boa história.

Não tem muito o que dizer da historia do Coisa. É um dos personagens mais bem definidos dos quadrinhos e tem mais personalidade do que toda a Liga da Justiça junta. Você lê e sabe quando ele está sendo escrito de maneira errada, bem diferente de… por exemplo, o Super-Homem mesmo. Tem historias que o Azulão é retratado de maneira simplória, inseguro, humilde e em outras arrogante, prepotente, o salvador da humanidade. É um personagem que não tem apelo nenhum pra mim, assim como o Batm… vou parar por aqui. Não quero que minha casa seja bombardeada e meu cachorro assassinado (quando eu tiver um) por algum fã indócil. Voltando à historia do velho sobrinho da Tia Petúnia…não tem como errar aqui, ainda mais com o pai da criança conduzindo a história. E o mais do mesmo também serve pro Lee Weeks, sempre competente em seu traço, diferente de outros desenhistas da sua geração que se tornaram mais relaxados com o tempo e o computador.

E em seguida uma (boa) surpresa: depois de tantos escritores “hypados”, queridinhos do momento (Bendis, Whedon, Loeb…) um momento Old School. Quem assume em seguida é o lendário Roy Thomas, ex editor chefe da Marvel nos anos 70 e discípulo do velho mago (ops, acho que esse era o Ozzy… ah, whatever…nevermind). Mais do que o traço do Scott Kollins, o grande barato dessa historia pra mim foi o de mostrar alguns personagens obscuros do passado da Marvel na era de ouro. O tal de Pai Tempo eu nunca tinha ouvido falar e muito menos que foi criado por Lee. Vivendo e aprendendo.

Muito comédia a historia com o Blob. Mais uma vez, Marvel in MAD way.

Diferente de tudo o que já fez antes com o Surfista Prateado, Lee nesta edição aproveita o ensejo, mais pra tirar um sarro do que qualquer outra coisa. Famoso por suas ponderações filosóficas, aqui o Surfista é mostrado mais como um chato de galocha falador e totalmente insuportável – assim como muitos estudantes de história, filosofia, “pensadores”, “góticos”, “poetas” e “revolucionários” que eu tive o desprazer de conhecer. Vale dizer também que este foi um dos últimos trabalhos do falecido desenhista Mike Wieringo pra Marvel.

Paul Jenkins é um escritor muito irregular. Apareceu como uma grande promessa de sua geração, mesmo já não sendo um novato e apesar de ter ganho um Eisner com a mini serie dos Inumanos, depois disso não produziu mais nada à altura, com trabalhos apenas medianos. Em O Mágico, Jenkins conta uma história simples, mas precisa e super bem bolada – pra uma puta babação de ovo. Mas no conjunto da obra ficou impecável. Depois de ler isso, sinceramente dá pra botar uma fé que ainda vai sair alguma coisa de muito bom com o nome de Paul Jenkins. Vamos esperar pra ver.

E pra fechar, uma historia hilária com alguns dos vilões mais babacas e obscuros da Marvel. Bem que podiam ter mais coisas nessa linha.

Na sua maioria, dá pra perceber um meio-a-meio no conjunto de histórias apresentadas aqui: nas escritas por Lee, total desencanação e até mesmo uma auto-zoeira consigo mesmo. O que é muito legal – por mais que Stan Lee seja realmente uma lenda viva da cultura pop (e ele sabe disso!), ele não caiu na armadilha que muitos outros – as vezes nem tão privilegiados como ele – caem: de serem prepotentes, arrogantes cheios de si e se levarem a sério ao extremo. Alan Moore é o maior exemplo. É inegável a enorme contribuição que ele prestou aos quadrinhos, mas o cara tem um ego desgraçado. E quer saber? Alan Moore nunca vai ser e nem chegar perto do que Stan Lee é e criou – agora f***u… tô morto. Agora já na parte em que são outros escritores pagando tributo ao velho mestre, se nota total reverência à pessoa e à obra de Stan Lee. E é 100% merecido. Esse é o cara que criou (with a little help of her friends, Kirby e Ditko) esse mega império que hoje é a Marvel. Os melhores personagens. As melhores histórias. Os melhores gibis. Stan Lee fez tudo isso e com seus mais de 80 anos ainda ta na ativa até hoje, seja fazendo pontas nos filmes da Marvel ou escrevendo gibis como este, o bom velhinho não para – o que é ótimo. Como fã, eu me interesso em tudo o que tenha o nome Stan Lee impresso por saber que lá vai ter o que eu procuro: diversão total e sem frescuras.

Eu me lembro quando eu comecei a ler os meus primeiros gibis, isso em 86, 87… e sempre tinha lá no título a famosa chamada Stan Lee apresenta. Eu falava para todo mundo que ele era o dono da Marvel e que um dia eu ia ser desenhista, ir pros EUA trabalhar lá e conhecer o meu ídolo. Daí para cá, já foram 20 anos, nunca fui pros Estados Unidos e não conheço Stan Lee, mas ao ler historias como esta e mesmo entrevistas ou textos escritos pelo Mestre, é impossível deixar de ter a impressão de que além de ter sido responsável pela revolução que mudou a história dos quadrinhos nos anos 60 e de ter criado o meu personagem preferido, um tal de Peter Parker, o velho Stanley Lieber deve ser um tiozinho muito gente boa.

Então, Marvel Apresenta 31 – As Incríveis Aventuras de Stan Lee é uma revista bem bacana, bem escrita, bem desenhada, sem amarras de cronologia, sem necessidade de ler as histórias da Marvel dos últimos 20 anos se bem que fica mais divertida se você for “das antigas”, mas isso não influencia em nada. É uma revista indicada pra qualquer um e que diverte e entretém à todos, o que o principal. Vale a pena dar uma conferida por todos, sejam leitores ocasionais ou fãs hardcore. Diversão 120% garantida, eu “recomendio” e “agarantio”.

E tenho dito!



Saca só essa: Pra homenagear o criador dos melhores heróis de todos os tempos, My Hero do Foo fighters, gravada ao vivo quando eles vieram aqui no Rock in Rio 3 em 2001:

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Entende??



Deus salve o Corinthians, porque São Jorge não tá com essa bola toda...




Com essa clássica expressão imortalizada pelo nosso queridíííííísimo Pelé, o rei da diversidade vocabular da língua portuguesa e uma digressão – esta, afinal, o que o fato de o Pelé ter vicio de repetir a mesma palavra tem a ver com o assunto de hoje, o Campeonato Brasileiro de 2007? (ops, outra digressão) – iniciamos agora, já passados 4 dias do fim do Campeonato (Tricolooooooor, Eee-ooo!!!), um balanço desta temporada do nosso futebol.
Era na verdade, pra ser um texto comemorativo da conquista do penta campeonato pelo meu time, mas alem de estar um pouquinho atrasado – o titulo foi conquistado há um mês atrás - seria como cair na repetição da mídia que já vem falando há uns 2, 3 anos: "São Paulo é o melhor time do Brasil…" , "O São Paulo é um exemplo de direção administrativa…" e bla bla bla… Bem, isso não se discute – até onde a gente sabe – mas melhor não. Em vez disso, preferi fazer um apanhado de algumas coisas que eu vim observando no futebol brasileiro de uns tempos pra cá.


1 - Tricolor Penta Campeão

Sou são paulino incondicional – apesar de não tããããããão dedicado como há muitos anos atrás – mas mesmo assim, é muito bom ver mais uma vez o meu time se sagrar campeão de forma tão definitiva e inquestionável como foi no Brasileirão deste ano. Com quatro rodadas de antecedência! Nunca antes nenhum time havia realizado tal feito. É pra se ficar mesmo orgulhoso quem for torcedor São Paulino – claro que isso não bota comida na mesa de ninguém e não faz desaparecer os seus problemas – mas é legal… isso não tem como negar. A ultima vez que o São Paulo passou por uma fase tão boa quanto a atual foi na sua fase de ouro, no inicio da década de 90, que foi quando eu me tornei um São Paulino, mais dedicado e passional naquela época – do tipo que chorava quando o time perdia algum jogo, principalmente quando era algum clássico. Mas, de boa galera… isso porque tinha 9, 10 anos na época. Hoje isso não rola mais. O.K.? O.K.??
Depois desse período clássico – conquista do Brasileirão de 91, duas Libertadores e 2 mundiais de Tóquio (92 e 93) e de um elenco espetacular que o Tricolor tinha na época (Raí, Muller, Palhinha, Leonardo e por aí vai…), o São Paulo passou por uma má fase que durou uns bons anos – dificilmente chegava em decisão, se limitando à fazer boas campanhas preliminares e "mijar pra trás" na reta de chegada. Em 2005 isso mudou. Primeiro, com o tri da Libertadores e consolidando o retorno aos bons tempos com o Tri no Japão em cima do Manchester – o mesmo que detonou com o Palmeiras em 99.
Em 2006 o Muricy assumiu, perdemos a chance de sermos tetra da Libertadores em casa pro Inter e só restou o Brasileirão de consolo. Este ano a mesma coisa, só que desta vez foi o Grêmio (malditos gaúchos…) que melou a nossa festa. E mais uma vez, faturamos o Brasileirão de forma lógica, clara e evidente, na ponta durante todo o segundo turno do campeonato, com folga e garantindo a taça 4 rodadas antes.
Melhor time. Melhor técnico. Melhor defesa. Melhor jogador. Hum… será que sou só eu que não estou 100% contente? Claro que ganhar um Brasileirão é sempre bom, mas pra mim isso não apaga por exemplo, os dois chocolates que tomamos do São Caetano no quadrangular decisivo do Paulistão no começo do ano. Assim como também gostaria que tivéssemos atropelado o Grêmio e partido pra cima do Boca na final da Libertadores, este ano também. Será que o resultado teria sido o mesmo da Sul-Americana, quando eliminamos os hermanos? Ano passado foi pior ainda: depois de fazer um impecável jogo de campeão durante toda a Libertadores, perder a final pro Inter foi um belo de um balde de água fria pra quem já dava o tetra como ganho. Acontece… Seja como for, se essa boa fase prosseguir, ano que vem será mais um ano espetacular pra nossa torcida e pro nosso time que sem dúvida nenhuma É O MELHOR TIME DO BRASIL - da ultima semana e da próxima também (tomara).

2 - Campeonato Corrido

Não, você não leu errado e nem está faltando palavra alguma no texto acima. É apenas uma expressão que pode representar bem o Brasileirão atual. Com o sistema de pontos corridos que é utilizado atualmente pela CBF na maioria de seus campeonatos, muita coisa da excitação e da emoção dos jogos se perdeu. Vou explicar: um campeonato de pontos corridos pode ser a forma mais justa de se conduzir uma mega competição como o nosso CB – ganha quem pontua mais e pronto – mas dependendo do momento em que se encontram, só são preciso umas 4, 5 rodadas pra marcar as cartas e já sacar quem tem chance e quem só está pra encher a tabela e quem vai pra segundona. Este ano foi a maior mostra disso: o São Paulo, vindo da eliminação da Libertadores, começou bem inconstante, nem sempre conseguindo bons resultados e boa parte do primeiro turno tiveram alguns poucos times na ponta (Cruzeiro, Botafogo) e depois que o Tricolor tomou fôlego e avançou, ninguém mais segurou, chegando a ficar até 15 à frente do segundo colocado. Car***o, 15 pontos são 5 jogos, pô!! Nenhum time conseguiu chegar nem perto. Não só uma mostra da supremacia do Tricolor do Morumbi, pra mim isso ficou com cara de jogo manjado. Este foi um campeonato em que as atenções não foram pra quem venceria o campeonato – que é o que deveria ser – mas em ver quais times seriam rebaixados (Saaaaaaaaaalve o Corinthians…) e quais comporiam o tal do G4 pra disputar junto com o São Paulo a Libertadores no ano que vem (que é uma coisa que eu nao consigo entender, "entende"? Pra que esses times se matam pra conseguir uma "vaguinha" pra disputar Libertadores e quando chegam lá só fazem lambança e não conseguem ir pra frente – tirando o São Paulo mesmo e a gauchada de uns anos pra cá). O Brasileirão deste ano foi um campeonato disputado de cima pra baixo.
É engraçado que se você parar pra pensar, vai ver que o futebol não é um esporte de encher os olhos – antes já foi bem mais – são poucos lances que chamam atenção durante uma partida, que na maioria das vezes é arrastada, são poucos gols por partida, já não tem mais aquela profusão de craques como tinha (meio que já escassa) até o final da década passada (Ronaldo, o gordo em 93, Ronaldinho dentuço em 98 e Robinho em 2002) e estes quando aparecem, logo são sugados pelos milionários clubes europeus, que só nos deixam ficar com "relíquias" do quilate de Edmundo e o Túlio que ainda faz uns golzinhos aí num timeco da terceira divisão. Com o passar dos anos e a globalização (sempre ela…), houve uma aproximação maior do futebol que é jogado aqui e o praticado principalmente na Europa, onde se é jogado um futebol mais frio, tático, truculento e que não prioriza as belas jogadas, dribles e a ginga e malemolência que era mtradicionais do futiba tupiniquim (odeio essa expressão).
O esquema tático ficou em primeiro lugar em detrimento do espetáculo e dessa forma, toda uma nova maneira de se organizar um time e posicioná-lo em campo surgiu desse intercambio do futebol mundial. Pode ver que até as funções dos jogadores em campo mudou – principalmente o papel do lateral que antigamente era um jogador de apoio na armação de jogadas e hoje serve como um armador recuado que vai e volta e ainda ajuda a defesa, podendo também ser usado como terceiro e até quarto zagueiro dependendo do esquema tático armado pelo técnico – como por exemplo, o Richarlyson no São Paulo mesmo que se desdobra em várias posições. Não existe mais aquele lance de "ponta direita", "ponta esquerda", a maioria dos times se resume a um centroavante e cada vez mais vai ser difícil de se ver uma dupla de ataque do naipe de Bebeto e Romário, que botaram pra f**** na copa de 94. Hoje é mais importante defender do que atacar, e um dos principais expoentes dessa (não tão) nova tendência é o técnico do São Paulo, Muricy Ramalho que ganhou os seus dois títulos pelo time basicamente dessa maneira: defendendo (muito) e contra atacando (o absolutamente necessário) e com seu jeito marrento, mulato e manhento conseguiu obter suas vitórias e administrar os resultados, com jogos decididos no grito e na ponta do lápis. E pra endossar mais ainda o que eu tô falando aqui: o (goleiro do São Paulo) Rogério Ceni foi escolhido como o melhor jogador da temporada por 2 anos consecutivos!! Tudo bem, ele pega no gol pra caramba, bate falta e penalty bem mas... sei lá, alguma coisa não anda muuuito certa nisso. Cadê o tal do "futebol arte"?
E com a adoção do sistema de pontos corridos, mais um elemento da essência do futebol se perde: o fator emoção. Os times tinham que se matar até o fim pra vencer, pra conquistar o premio máximo: o campeonato. Não se contentar com sua mediocridade e limitações e apenas brigarem por posições secundárias e terciárias na tabela a fins de obter vaga pra algum torneio internacional - Libertadores e Sul-Americana (digo, quem liga pra Sul-Americana?) e pra não ficar na zona de rebaixamento. Tem um filme do Stallone, que eu tô em dúvida agora qual que é, se o Falcão braço de ferro ou algum Rocky, em que ele diz uma frase que eu uso como filosofia de vida: O segundo lugar fede! (será mais uma perola made by Jeph Loeb, o rei das frases feitas?) É uma bela frase, mas que não tem muito apelo no futebol brasileiro: o segundo lugar aqui é uma maravilha. O terceiro e o quarto também, só não pode chegar no décimo sexto, décimo sétimo em diante… aí o bicho pega.
As vezes o mais justo não é o mais emocionante ou divertido, mas do que eu tô reclamando? Meu time é bi / penta campeão brasileiro e ainda posso dizer 100% convicto que foi de maneira justa e não à base de roubalheira como alguns em outras oportunidades (Timão, eeeeoooo!!!) e ainda por cima, aqui no Brasil que, venhamos e convenhamos… o que de justo tem por aqui?

3 – Cagaram no Timão e limparam o C* com o dedo!

Sem nenhum ressentimento, ódio, desprezo ou qualquer outro sentimento negativo que pode ser atribuído (merecidamente) ao Corinthians, mas a seguinte frase é perfeita pro epitáfio do timão este ano: Nada como um dia após o outro. Explico com todo prazer… nunca tinha visto coisa mais escabrosa desde que eu comecei a curtir futebol do que aquela lambança da máfia da arbitragem em 2005 que acabou favorecendo o Corinthians e que o fez ganhar aquele campeonato injustamente. Era uma corja desgraçada: Kia, Msi, criminosos russos, os próprios árbitros… aquele campeonato deveria ter sido anulado e apagado da historia do futebol brasileiro.
Nestes dois últimos anos, o Timão vem sofrendo de uma derrocada lenta com destino certo à mediocridade, cujo tiro de misericórdia foi dado no ultimo domingo, na ultima rodada do campeonato, com a confirmação do rebaixamento pra segunda divisão no ano que vem. Não teve camisa, torcida, mandinga ou macumbaria da grossa e nem ameaça de morte que desse jeito. Nem São Jorge teve poder o bastante pra livrar o Coringão da zona de rebaixamento. Campeão num dia, segundona no outro – nada como um dia…após o outro.
Uma coisa que a torcida do Corinthians não pode reclamar é de falta de chance. Tem que ser muito idiota de achar que a culpa é do Paraná, do Goiás ou mesmo do Grêmio, com quem disputou o ultimo jogo em Porto Alegre no domingo. A má fase do Corinthians já vem de muito tempo e o resultado final só podia ser esse. Se bem que eu não tava levando fé durante o ano todo de que isso iria acontecer devido à vários e diversos fatores que podiam influir no andamento da queda do Corinthians (tapetões, máfia dos cartolas, a própria CBF, o plim-plim…) e esperava que em algum momento do campeonato fosse ocorrer alguma virada de mesa que livrasse o rabo do Timão de ser rebaixado. Não acreditei 100% que isso fosse ocorrer até o apito final no ultimo jogo neste domingo. Bem, eu estava errado (acontece uma ou duas vezes no ano…) e taí a alegria de todos os São Paulinos, Santistas e Palmeirenses pra coroar e a espetacular primeira página do Lance de segunda (toda preta, só com o logo do jornal e o preço) é o retrato perfeito do estado em que o Corinthians e seus torcedores se encontram: em luto. Ainda mais se levarmos em conta como é mesmo "fiel" essa torcida – os caras matam trampo (os que tem algum) em plena segunda-feira pra ir protestar no Parque São Jorge, ligam pra casa de jogador ameaçando a família do cara de morte, quebram orelhão, fazem zona nas ruas, choram feito criança pras câmeras de TV do Brasil inteiro, podendo as vezes Por em dúvida até mesmo sua virilidade ou falta dela… Crap…very crap. Surpreso de não ter acontecido uma onda de suicídios coletivos esta semana (dependendo de quem fossem, até que não seria uma má idéia). Ou de atentados às famílias de jogadores, dirigentes e comissão técnica do Timão – talvez uma surpreendente mostra de maturidade por parte desses torcedores que decidiram passar direto pra aceitação, pulando a negação, a ira, a barganha e a depressão – os 5 estágios da perda. Melhor assim.
Mais puta deve ter ficado é a Globo. A maioria das transmissões de jogos do Campeonato Brasileiro eram do Corinthians. Agora com o ele na segunda divisão, com certeza os jogos do Brasileirão do ano que vem terão menor audiência – vai ser uma bela cambada a menos com a TV ligada no plim-plim de quarta a noite e nas tardes de domingo – bom pro seu Silvio e pro Bispo.
No mais, não é o fim do mundo pra fiel torcida – ainda vai poder acompanhar alguns "clássicos" no estádio, mesmo na segundona: Corinthians X Bragantino, Corinthians X Paulista de Jundiaí, Corinthians X São Caetano, Corinthians X Brasiliense… não é tão ruim assim, vê?
É a vida… Nada como um dia após o outro.Vence um campeonato no cambalacho e é rebaixado 2 anos depois. Bad karma, eu diria – se eu não fosse agnóstico convicto de fé (essa foi boa).

Foram mais esses mesmos os destaques do CB deste ano que eu queria dar uma passada. Como diz um tiozinho que trabalhava comigo: que este ano seja melhor do que o ano passado e pior do que o ano que vem. Este ano já foi, mas fica aí a expectativa pro ano que vem.
Saaaaaaaaaaaalve o Tricolor Paulista, penta campeão brasileiro.
E salve o Corinthians (tá precisando mesmo, só São Jorge não tá dando muito certo)
Saca só essa: na falta de algo mais original pra acompanhar este artigo, pra quem quiser, o hino do campeão brasileiro com todos os méritos (quantas vezes você já não ouviu isso este ano? Puta falta de originalidade…): http://www.4shared.com/file/31386500/ec462a7a/Hino_do_So_Paulo_Futebol_Clube_-_Normal.html o São Paulo Futebol Clube, campeão Brasileiro de 2007.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Mulheres Do Nosso Brasil: A Rê Bordosa

Mito maior da noite paulistana dos anos 80, essa é uma figura que faz falta aos apreciadores da boemia e da (sem rodeios, por favor) vagabundice desenfreada e sem limites – Rê, porque você se foi??? Eu te amava, porra!!!
Hah, falando assim, parece até que "Rê" é (foi) uma pessoa real, próxima e que realmente fez parte da minha vida ou da de alguém. Bem, na verdade não necessariamente… Rê era uma mulher sim, mas de papel e suas aventuras se passavam numa São Paulo muito parecida com a nossa, com tipinhos bizarros muito parecidos com os que a gente encontra por aí e bibocas similares às mais podres e pérfidas bibocas que a noite de Sampa pode oferecer.
Agora, se mesmo sendo "apenas" uma personagem de quadrinhos, nossa querida Rê tinha tanta personalidade à ponto de ser considerada por muitos como uma pessoa "real" bem… kudos for Angeli, o "pai" da moça. Ele merece por ter criado uma personagem tão próxima da realidade, onde nela podem ser encontradas inúmeras qualidades (dependendo do tanto de biritas) que podem ser identificadas em tantas das nossas "mulheres de carne" da "vida real".
Falando sério, deixando um pouco de surfar na Hellman´s, Rê Bordosa foi na verdade uma tira que fez muito sucesso na década de 80, onde a personagem principal perambulava pela noitada de São Paulo, sempre à procura de "algo mais" no famoso trinômio Sexo, Drogas e Rock n´roll. Essa sim sabia viver. Seu comportamento era destrutivo, excessivo, extremo… era uma mulher de fortes emoções. O mais engraçado é que com tantas técnicas narrativas modernas nos quadrinhos recentes, é quase impossível impor personalidade em uma tira de 3, 4 quadros que tenha um personagem que tenha características definidas e que passe um clima particular À historia em si, mas nas historias da Rê Bordosa tinha tudo isso. A própria "puta velha" era um verdadeiro livro aberto (entre outras coisas também abertas, como muuitos puderam comprovar). Tem coisa que rolava ali que deixariam muito leitor da Vertigo chocado.
Parece que com o passar dos tempos, as tiras estão perdendo seu espaço que (bem antigamente) dominava quase todo – na verdade foi o início de tudo. Spirit, Fantasma, Charlie Brown e outros vieram de lá. Sem as tiras, Não teríamos por exemplo… Civil War, que pra muitos nerds por aí é mais importante até do que o pai ou a mãe – ou ambos. Não vou pagar de professor de história, mas só pra terminar aqui, depois que acabaram as tiras do Calvin, isso em 96, não surgiu nenhum personagem que marcasse época, que tivesse o "algo mais", o diferencial que o faça ser melhor do que o resto. É como no rock: depois do Nirvana, tiveram muitas bandas espetaculares, mas nenhuma conseguiu preencher a lacuna depois que o Kurt Cobain estourou sua cabeça genial com uma 12 no dia 5 de abril de 1994 – por isso, que ainda vamos ver por muito tempo ainda essa pivetada de 15, 16 anos com suas camisas pretas acinzentadas com a cara do Kurt (na maioria, mal) estampada nelas, com suas guitarrinhas toscas amarradas em fivelas de cinto acahando que a tão abafando tocando "Smells Like" e as gravadoras e a mídia "especializada" à procura do "novo Nirvana", assim como eles eram os "novos Beatles" e como já disseram que os Strokes, o Vines, o White Stripes eram o "novo Nirvana" e nenhum deles… aaaaaaaargh!!!! O que eu quero dizer é que a saudosa porraloca se foi e sua falta ainda é sentida por uma boa galera. Depois dela, não teve no Brasil nenhuma personagem que chegasse perto de seu carisma indefectível e popularidade.
Essa verdadeira alma noturna, nos 4 anos que duraram suas tiras que saiam diariamente na Folha de S. Paulo, curtiu a vida adoidado, muuuuuuuuuito mais que Ferris Bueller. Perambulando por boates, pulgueiros e afins e sempre acompanhada de seres perdidos tão disfuncionais quanto ela, Rê Bordosa inspirou e foi inspirada por uma geração de mulheres que sabem o que querem da vida e não se envergonham disso. Ela refletia a mulher decidida e independente e muito bem resolvida, sempre disposta À dar uma boa assistência - um tipo que faz muita falta em certas horas – principalmente numa noite fria.
Foram 4 anos de pura esbórnia, depravação e escracho total. Os anos 80 nunca pareceram tão coloridos quanto naquelas tiras preto e branco. O traço, a linguagem e o ambiente passavam o clima da maneira certa, só faltava mesmo rolar de fundo uma trilha sonora que podia variar do velho roquienrol ao funkzão estilo Parliament. Rê Bordosa era eclética e com ela não tinha tempo ruim – até mesmo porque ela estava sempre debaixo dum (aconchegante) teto de bar.
Pô, eu mesmo conheço um monte de Rê Bordosas por ai. Várias. Em qualquer balada – ou fora, caída numa vala, vomitada sob bitucas de cigarro e com o cabelo queimado – sempre terão representantes em vida do Rê Bordosa way of life.
São mulheres escrachadas, desbocadas, e desaforadas (como dizia um finado amigo meu) que falam o que pensam (quando pensam), fazem o que querem e que querem que o mundo se foda (e de preferência, junto com elas). É a famosa mulher faceira: dê-lhe dois goles e depois passe-lhe a rasteira. Pode parecer um puta machismo isso, mas hipocrisia não é comigo. A noite é podre e nela tudo pode acontecer. E quem tá na noite VAI se molhar – de várias maneiras, é só ter um pouco de imaginação – e disposição.
Não se sabe até hoje (pelo menos eu, não sei) porque o Angeli decidiu matar uma personagem tão popular e querida como era a Rê Bordosa, mas seja como for, a nossa querida puta velha (como era carinhosamente conhecida) deixou uma enorme e verdadeira Legião Urbana de fãs como uma certa velha bicha louca - não vou dizer quem é, mas aqui tem um texto bem legal que eu escrevi sobre ele.
Sua frase preferida era: "Não nasci para ser a cura e sim a doença." (Essa foi pra f**** com os fãs do Stallone Cobra). Com essas palavras, fico por aqui imaginando como o inferno se tornou um lugar bem mais divertido depois que a amada puta velha baixou por lá. Hitler, Pinochet, ACM, Roberto Marinho e o Papa João Paulo II é que devem tá se dando bem por lá… filhos das putas.
Saca só essa: pra matar a saudade da velha porraloca, temos aqui um especial do Chiclete com Banana (a revista, não a banda de axé) escaneado pelo pessoal do Rapadura Açucarada e do GIBI HQ (devido crédito à quem merece) que além de um apanhado geral de toda a vida da putrisca, ainda vem com uns textos complementares e até uma entrevista com a alma noturna mais famosa do Brasil.
http://www.4shared.com/file/30551065/d9d4af39/ChicletecomBanana_EspecialRBordosa_AMortedaPorraloca_HQ19MAR06GIBIHQ.htmlE junto, um som a altura: http://www.4shared.com/account/file/30556405/155098da/Ultraje_a_Rigor_-_Sexo.html?sId=lRJ85RwE0xan5waJnão pode ser outro se não Sexo do Ultraje A Rigor.
Sambarilove e até a próxima, SEUS PUTOS!

sábado, 17 de novembro de 2007

À quem possa interessar…


É isso mesmo que vc está vendo: Wolverine!!! O maior chamariz de leitores do planeta!!!!
Já faz um tempinho que não posto nada por aqui. Algumas coisas estão tomando o meu tempo, impedindo uma dedicação maior à este blog, mas nada que possa preocupar os fiéis leitores (huh?) daqui. Ainda esta semana (na próxima, vai…) isso já vai tá resolvido.
Mas enquanto isso ainda não acontece, e pra não deixar mais uma semana passar batida, seguem uns presentinhos pra quem passar por aqui nesse meio tempo.
1 – Sendo bem realista…eu sei que este blog não prima em visitas constantes, mas uma coisa que eu percebo ao abrir o meu HD virtual no 4shared, é que todo dia aumenta o numero de downloads de alguns itens que estão disponibilizados, como por exemplo um mp3 do Aborto Elétrico que eu anexei junto ao texto do Renato Russo no inicio do blog. Isso significa que mesmo já passados 11 anos após a morte da velha bicha louca, ainda resta uma enorme e fiel legião de fãs - com o perdão do(s) trocadilho(s) e com todo o respeito também... à velha bicha louca. Já que é assim, porque não jogar mais alguns sons pra galera curtir? Então, amigos leitores, seguem mais duas musicas do show do Aborto na Funarte em 81:
Fátima e Construção Civil.
Semana que vem, posto mais algumas. E se o "sucesso" se mantiver, eu descolo depois uns mp3 do Jerry Adriani fazendo uns covers do Legião em italiano, já pensou que fantástico??? Vou pegar pra apelar MESMO!!! Aí é que essa p**** de blog vira campeão de acessos!!!!

Fátima:
http://www.4shared.com/file/29591420/56199e22/01_Ftima.html
Construção Civil:
http://www.4shared.com/file/29592055/7c8efb58/02_Construo_Civil.html


2 – Esse é pra quem tem o GTA Vice City pra PC. Sei que esse jogo já é meio antiguinho e tudo mais, mas ainda assim é bem legal e deve ter um monte de gente ainda que joga. Bem, o que eu tenho aqui são alguns skins que eu editei no Photoshop CS2 há muuuuuuuuuito tempo atrás, quando ainda tava aprendendo a mexer nele. A maioria ficou supertosca, mas tem uns que estão muito engraçados como o do Emo, do Coringa e o do lobinho e esse figura da imagem acima, que por si só já vai garantir uns 200 mil acessos, no mínimo.
São arquivos formato Jpeg, abrem em qualquer visualizador de imagem, então mesmo quem não tiver o jogo pode dar uma olhadinha só por curiosidade.

Instruções: descompacte os arquivos e jogue na pasta "skins" do jogo instalado no seu PC e só. Depois vá no Options do jogo e procure por "Player Skins" e lá vão estar os skins já em cima do personagem pra você escolher.
Pros bundões que possam querer chiar, um aviso: esses skins foram feitos por mim e estão sendo distribuídos sem nenhum fim comercial, então não ferem nenhuma lei de direito autoral de p**** nenhuma, blz?

Skins GTA:
http://www.4shared.com/file/29591045/772065f7/skins.html


3 – Um dia desses fuçando no Orkut achei um negócio ruim, mas tão ruim que é ridiculamente engraçado. É um João D’água que resolveu pagar uma de escritor e bolou a espetacular historia "A Volta do Aranha Escarlate". Nem precisa dizer que ficou um cocô. Mas o grande barato dessa "obra" é que vai além da escrita pífia e simplória e os erros gramaticais bisonhos e fenomenal originalidade na hora de escolher os nomes dos personagens: Robô invisível, monstro do espaço, etc. Na historia, nosso amiguinho se tratou de impor um clima todo dramatical, dando um tratamento cinematográfico, com direito à trilha sonora do Nickelback e tudo. Ficou lindo.
Quando eu li isso, o impacto foi tão grande que eu resolvi colaborar e coloquei no roteiro as impressões que tive, uma breve introduçãozinha e acrescentando mais alguns pontos para enriquecer (ainda mais) a historia.
Se alguém quiser dar uma sacada no que eu to falando, vai ai o perfil no Orkut do animal reponsável(?) por tudo isso
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14445008784031385834 e a comunidade da própria história http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=32953227&refresh=1 que conta com sua singela legiãozinha de fãs – não tão grande quanto à do Renato Russo, mas um dia eles chegam lá.
E aqui o arquivinho com a historia em Word e os meus comentários pra quem quiser perder 5 minutos valorosos de sua vida neste feriadão de 6 dias.
http://www.4shared.com/file/29414282/8a870360/A_VOLTA_DO_ARANHA_ESCARLATE_DIRECTORS_CUT.html

4 - Pra fechar, alguns links de volta de postagens passadas com algumas coisinhas que as vezes passaram batidas e que merecem ser conferidas (ou não, como diria o guru da burguesia, Caetano Veloso)
Aborto Elétrico – Que Pais É Este:
http://www.4shared.com/account/file.jsp?id=24478206&sId=Gre683o8qT5IEuRA
Houg 01:
http://www.4shared.com/file/25622958/3b0a95a1/HOUG.html
Fell 01:
http://www.4shared.com/file/27268076/7766f430/Fell01HQBR20NOV05OsImpossveisBRGibiHQ.html
New Avengers 32:
http://www.4shared.com/file/24635768/1c79f1d5/Limp_Biskit_-_fath.html

Por enquanto é só pessoal. Semana que vem, as coisas voltam ao normal por aqui (ou algo próximo disso, ou seja uma zona de m****)

Bom feriadão (atrasado) pra todos.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Guerra Civil - Linha de frente








Bem amigos, está saindo pela Panini a mega-saga da Marvel, Guerra Civil – Civil War no original – que talvez seja a mais polemica historia já publicada em 45 anos da editora americana.

Em sua metade sendo publicada aqui no Brasil, já ocorreram diversos momentos surpreendentes, alguns totalmente forçados, apelativos e duvidosos, com conseqüências que serão sentidas nos próximos anos, nas revistas que compõem o Universo Marvel tradicional.

Segue abaixo um resuminho básico e alguns comentários sobre a saga que estremeceu as bases do
universo Marvel, mudando a vida de seus personagens.

A história (mais que manjada) até o momento:

Durante um combate entre os Novos Guerreiros (que são protagonistas de um reality show, história essa não publicada no Brasil) e alguns vilões fugitivos da Balsa, ocorre um gravíssimo acidente (como se isso já não tivesse acontecido umas 300 vezes antes na Marvel) que devasta a cidade de Stamford, Connecticut nos Estados Unidos, deixando mais de 600 mortos, entre eles os próprios Novos Guerreiros e várias crianças que estavam em uma escola nas proximidades da batalha. Com isso, ocorre uma pressão por parte da opinião pública à favor da Lei de Registro de Super Humanos do governo, que determina o alistamento de todos os… super humanos, é claro, tornando suas identidades públicas e respondendo diretamente ao governo, atuando como oficiais autorizados, sob o risco de prisão, se resistirem.

Com isso, acontece um racha na comunidade de heróis, divididos em dois lados: os favores ao registro e as identidades civis públicas, com a liderança do e os rebeldes, seguidos pelo Capitão América. A partir daí, é uma sucessão de combates sem sentido, personagens descaracterizados, e mudanças radicais que levaram certos personagens a um beco sem saída, deturpando décadas de história em prol de um evento passageiro e das vendas momentâneas, causando um desserviço ao próprio personagem e aos seus vários fãs que não se agradaram por algumas dessas mudanças.

Rumo À Guerra Civil

Antes de tudo, é preciso fazer uma análise básica do passado recente da Marvel antes de Guerra Civil pra poder comentar o evento.

Dos 2 últimos anos pra cá, tivemos a volta dos mega eventos, as grandes sagas que interligam vários – senão todos - os títulos das editoras, resultando na sua grande maioria em conseqüências nem sempre felizes. A Marvel vinha de seu último grande crossover – Dinastia M (House Of M) e reminiscências: Dizimação M. 198… e mal teve tempo para se trabalhar em cima dos acontecimentos posteriores à esses eventos e já emendaram com outra mega-saga, maior ainda que é Guerra Civil.

Talvez isso ocorreu para não ficar atrás de sua maior concorrente a DC Comics, que estava abocanhando uma fatia do mercado que anteriormente era dominado pela Marvel, com suas sagas recentes: Crise Infinita, 52, que se tornaram sucesso de público e critica. Então, para manter o interesse dos leitores e atrair a atenção para si, a Marvel preferiu optar por realizar logo em seguida de uma grande saga, outra muito maior e com objetivos mais ousados do que sua predecessora.


O resultado disso é Guerra Civil, uma mini série mensal em 7 partes que nos EUA sofreu diversos atrasos, afetando os outros títulos mensais interligados com a saga (praticamente todos). Guerra Civil tem Mark Millar no roteiro, Steve Mc Niven desenhando e as cores ficam por conta do ótimo Morry Hollowell que complementou muito bem o traço de Mc Niven com seu trabalho. Millar, que é um roteirista idolatrado pela comunidade de fanboys pelo mundo, nesta mini série está bem abaixo da média, diferente de alguns de seus trabalhos mais conceituados como os dois volumes dos Supremos, The Authority, a mini do Super Homem – Entre A Foice E o Martelo e os altamente subestimados Ultimate X-Men e Ultimate Fantastic Four.

Defendendo O Meu Lado

Ao ler Guerra Civil (e eu li toda a mini serie no ano passado) e outros trabalhos do Millar, fica a impressão de que ele deve ser um roteirista de cinema frustrado e que desconta sua frustração escrevendo gibis. Calma, nerdalhada indócil que eu vou explicar o meu ponto de vista:

Assim como Supremos, Authority, Wanted, sua passagem por títulos mais mainstream como Homem-Aranha e Wolverine e qualquer obra de Millar que saiu depois de seu estrelato, (antes de ser um escritor pop star, Mark Millar começou como “protegido” de Grant Morrison, co-escrevendo com ele títulos como Swamp Thing, Aztek – The Ultimate man, Flash e Vampirella) Guerra Civil tem alguns de seus “cacoetes” mais manjados, fáceis de serem percebidos pra quem leu as historias citadas acima: narrativa cinematográfica, cenas de impacto, momentos “Cavaleiros do Zodiaco”, frases feitas, personagens agindo fora de seu contexto… isso só pra ficar em alguns. Por exemplo: pegue qualquer historia escrita por ele e conte quantos “Oh, mas não sei o que…”, “Ah, fulano, mas bla bla bla…” vão ter. É como se todos os personagens fossem ingleses afrescalhados e arrogantes ou bon vivants canastrões.

Prestando bem atenção, todas as historias de Mark Millar seguem o padrão de seu mentor: grandes épicos com várias reviravoltas e temáticas sempre ousadas, mas diferente de Morrison, Millar não tem grande conhecimento de cronologia, se baseando unicamente nos pilares básicos da época do Stan Lee, o que compromete muitas vezes suas historias, principalmente no Universo Marvel tradicional, que depende muito da cronologia. Em entrevista à edição 192 da Wizard americana, comentando a mini-série, ambos, escritor e desenhista admitem que não conheciam a maioria dos personagens em que estavam trabalhando e que em algumas vezes sequer sabiam seus nomes. Desse modo, fica claro a escolha aleatória dos personagens durante a história, explicando assim, o por que de não ter por exemplo, uma razão lógica de cada personagem ter escolhido determinado lado no conflito.

Aí entra como suporte à saga, as revistas mensais que complementam e fazem o que a mini serie não foi capaz de fazer: deixar claro para o leitor do que a historia se tratava, pois na mini-série isso é praticamente impossível, é muita coisa acontecendo de uma vez só e a narrativa é muito atropelada, deixando um senso de coisa feita às pressas na maioria das vezes. As revistas de linha que mais estão interligadas com o evento são a dos Novos Vingadores do Bendis, que durante a saga, cada edição foca um personagem e as do Aranha que foi o personagem mais afetado pela saga e depois dela. Outros títulos legais também de se acompanhar no período de Guerra Civil: Mulher Hulk (muito bom, principalmente a reação do Jameson ao que tá acontecendo), Miss Marvel, Capitão América (onde todo mundo já sabe o que vai acontecer…), Quarteto Fantástico e o sempre espetacular X-Factor do Peter David. Fora uma porrada de mini-series e edições especiais também interligadas, a maioria desnecessária, mas algumas garantem um maior entendimento da historia.

Reportando A Guerra

Sobre a historia em si: é um exagero a reação tomada pela opinião pública ao incidente de Stamford, ainda mais se levarmos em conta que acontecimentos mais graves do que o provocado pelos Novos Guerreiros acontecem o tempo todo no Universo Marvel: quantas vezes o Hulk sozinho fez mais estragos do que essa explosão do Nitro? Só pra ficar em alguns mais recentes: a invasão de Kang na revista dos Vingadores na fase do Kurt Busiek, a destruição de Nova Iorque pelo Xorn que não era Magneto, que não era Xorn… e o massacre da Tropa Alfa e de uma cidade canadense inteira nas edições recentes de New Avengers. Todos estes foram incidentes mais impactantes do que o ocorrido em Stamford. E será que em nenhum desses tiverem vitimas infantis?

O diálogo entre a nova diretora da Shield e o Capitão América na primeira edição foi muito bom, um dos pontos altos da saga em seu todo e o combate do Capitão contra os soldados foi bem “coisa de cinema” – típico do Millar. Agora estranho é pensar que como duas pessoas que durante um longo tempo foram os melhores amigos (apesar de algumas divergências de vez em quando) como o Capitão América e o Homem de Ferro, de repente se tornarem inimigos ferrenhos, um querendo a cabeça do outro por causa de uma lei governamental, sem nem mesmo conversarem antes. Até então, eles eram parceiros de equipe e do nada, cada um está recrutando soldados para seu bando, com o objetivo de acabar com a raça do outro como se o grupo oposto fossem os piores inimigos da humanidade e não heróis que até ontem eram parceiros na luta ao crime e defensores do american way of life e bla bla bla bla bla.

Seguindo nessa linha de brechas da historia, outra coisa bizarra é o fato de a Shield e os heróis pró registro já sairem na captura dos rebeldes logo em seguida a implantação da lei, não dando nem tempo para que haja o registro voluntário. E como já foi citado acima, na mini serie não fica claro por quê determinado herói está de um lado e não de outro, a maioria servindo apenas como figurantes sem diálogos e agindo como meros robôs desprovidos de consciência, bem no naipe de personagem da Malhação.

Como leitor há 20 anos da Marvel, quase todos os personagens centrais da trama ficaram irreconhecíveis em suas atitudes e posturas pra mim: Reed Richards “cobrinha” no enterro do Golias, Doutor Estranho frouxo, Hank Pym histérico – isso é muito datado – Homem-Aranha super arrogante, fugindo totalmente da personalidade dele e o Capitão América agindo como sua contraparte Ultimate – isso vai ficar ainda mais evidente nas próximas edições. O mais fiel em sua interpretação, por incrível que pareça, foi o Homem de Ferro, agindo exatamente como ele é: um homem de negócios, que não mede esforços para realizar seus objetivos, mesmo que passe por traira aos olhos de seus ex “parceiros”. A Mulher invisível, o Tocha Humana, Emma Frost e o Pantera Negra também cumprem seus papeis.

Outra coisa à ser comentada é o excessivo uso de cliffhangers – cenas usadas para causar impacto – na mini-serie: fuga do Capitão, revelação da identidade do Aranha, aparição do Thor que não é Thor, “fim” do Quarteto Fantástico, recrutamento dos vilões pra capturarem heróis renegados… algumas vezes, esses momentos foram bem colocados e em outras ficaram totalmente gratuitos, sem considerar o que será feito disso futuramente. Exemplo disso é o caso do Homem-Aranha, que perdeu mais um de seus elementos clássicos, a identidade secreta. À curto prazo é interessante trabalhar com as conseqüências disso e a mudança radical no status, mas todo mundo sabe que isso não vai durar pra sempre e no momento já estão bolando lá nos States alguma saída porca (a medonha One More Day) pra reverter o que aconteceu aqui. O pior é que em momentos onde seriam melhor aproveitar esses cliffhangers, como “a volta do Thor” na edição 3, eles foram frouxos e puxaram o freio dizendo que era apenas um clone – saída usada freqüentemente, assim como os Skrulls – que já foram usados à exaustão também e continuarão, com a próxima pérola que vêm em seguida: Secret Invasion, mas isso é um assunto que fica pra próxima…

Certo, dá pra entender a justificativa: se caso aquele que aparece no final de Guerra Civil 3 fosse realmente o Thor, isso diminuiria em parte o impacto da edição anterior, onde o Peter assume publicamente sua identidade – pelo menos foi isso que disseram – mas o que não entra na minha cabeça é o seguinte: chega um vilão e ameaça dominar o mundo, roubar um banco e essas coisas vilanescas… ai vem o herói e bota ele na cadeia, depois o governo solta esses vilões que foram presos em primeiro lugar e botam eles de volta as ruas pra capturar os heróis que os prenderam? Sem noção, Joselito!!!

Agora pra fechar, 3 pontos à se prestar atenção:

1 – falta de coerência entre a série central e revistas interligadas: parece que teve uma puta falha de comunicação entre os diversos editores da Marvel envolvidos no evento. Muitos personagens agem de diferentes formas em cada revista. Isso, mais algumas discrepâncias cronológicas, acabam dificultando o entendimento e a coerência da saga como um todo.

2 - Os Combates: aqui no Brasil só saiu metade da saga e quantos quebras de super-herois você já viu até agora? A esta altura já era pros Estados Unidos estarem totalmente devastados e nenhum herói vivo, pela quantidade de batalhas ocorridas, tanto na mini quanto nos títulos mensais.

3 –A arte: ficou perfeito o casamento entre arte e cor da mini-série. O colorista Morry Hollowell foi muito competente em seu trabalho e complementou perfeitamente o traço de Mc Niven – que pra mim não seria o mais indicado pra ilustrar essa série, calando a boca de quem diz que a cor não é importante numa historia em quadrinhos. Méritos para os editores: essa foi uma parceria entre arte e cor tão boa quanto da dupla Alex Maleev e Matt Holingsworth em Demolidor.

Guerra Civil até o momento vem apresentando o que já era esperado pra quem acompanha as historias da Marvel nos últimos anos e principalmente o trabalho do Mark Millar: momentos bombásticos, apelativos, personagens descaracterizados, referencias a marcas e cultura pop, falta de concordância e desconsideração à cronologia. A edição 5 daqui a pouco sai por aqui, com a volta do Justiceiro ao Universo Marvel, que vai reforçar mais ainda o que digo aqui.

Talvez por estar em um momento difícil e sofrendo de uma grave doença ao escrever Guerra Civil, este é o trabalho mais fraco de toda carreira de Mark Millar – ele disse em entrevista à Wizard que escreveu a maioria da historia quando estava internado, se tratando de uma doença degenerativa que sofre já há alguns anos. Apesar de ser sempre criticado por construir historias espetaculares no inicio e finais decepcionantes, Guerra Civil mantém um nível mediano e agradou a maioria dos leitores tanto aqui quanto nos States, quebrando alguns recordes recentes de venda e chamando a atenção de novos leitores e da mídia, mas mesmo assim, foi mal planejada e executada em vários momentos. Em certas partes do evento, a narrativa cinema blockbuster de Millar não pegou e isso banalizou e reforça mais a idéia anterior de que ele – assim como outros roteiristas seguidores de seu estilo – são roteiristas de cinema frustrados, que encontraram nos quadrinhos o único meio de levar suas visões revolucionarias à alguma visibilidade.

Com o anuncio de que Millar escreverá o próximo filme do Super-Homem, é possível que saia daí o melhor filme de heróis de todos os tempos: o próprio Millar se diz um grande fã do Azulão, já teve uma boa experiência ao escrever a adaptação da versão animada do desenho do Super e sua narrativa e estilo exagerado de escrever é perfeito para o tipo exato que um filme do Super-Homem seja: batalhas épicas, efeitos especiais revolucionários, frases de efeito, grandes vilões (como isso faz falta nos filmes do Super) e tudo aquilo que faz parte de uma mega produção campeã de bilheteria. Demorou para os produtores de Hollywood perceberem que pra se fazer um bom filme de herói e principalmente de um grande personagem como o Super, é melhor deixar na mão de quem entende da coisa. O cinema de super-heróis precisa disso e eu boto muita fé que quando sair esse filme, ele será espetacular. E sem as amarras de cronologia bagunçada e interferências editoriais, finalmente Mark Millar vai ter a oportunidade de mostrar que realmente é um grande roteirista – de quadrinhos E de cinema. Só não pode chamar o Joel Schumacker pra dirigir e o Jon Peters (o cara que queria fazer um Super que não voava e sem uniforme em sua versão que seria escrita por Kevin Smith) pra produzir, que de resto tá tudo OK.


Pra quem tá acompanhado o que tá saindo por aqui, ainda vem muita coisa pela frente e mais acontecimentos “bombásticos” estão à caminho. O mundo pós Guerra Civil está vindo aí e é muito difícil pra quem leu tudo isso que tá saindo aqui há um ano atrás, falar alguma coisa sem citar nenhum spoiler, mas apesar desta critica ao evento ter sido negativa e pessimista em muitos momentos, muita coisa boa surgiu depois disso com certeza e um titulo pra se ficar de olho depois que Guerra Civil acabar é Novos Vingadores, que logo em seguida já vai preparar o terreno para a nova grande mega saga que tá vindo aí nos Estados Unidos: a invasão Skrull. Aí vai ser a vez do Brian Bendis mostrar se vai ser capaz ou não de lidar com um evento em larga escala no universo Marvel, sem muitas falhas (Dinastia M não conta) e sem deixar cagadas nos próximos anos. Mas antes disso, ainda tem World War Hulk, outra mega saga, desta vez com a volta do Verdão, que vem pra esmagar tudo, depois dos eventos que tão rolando alheios à guerra Civil, em Planeta Hulk É saga que não acaba mais… esse negocio de mega-eventos interligando um porrilhão de revistas é mesmo uma vaca gorda – tão gorda quanto o próprio Quesada, que tá ficando cada vez mais rechonchudo, parecido com um porco no rolete, daqueles que são servidos em churrascadas nos rodeios por aqui. (tinha que acabar este texto com alguma piada de mal gosto, só pra não perder o costume)

Saca só essa: pra ficar no “óvio”, como diz um corno que eu conheço, a música de hoje tem que ser Civil War do Guns: http://www.4shared.com/file/27394212/260fb80d/08_Guns_n_Roses_-_Civil_War.html só que esta é ao vivo e ao lado, links de sites com todas as revistas que compõem a Guerra Civil – as mensais, mini-series complementares e tie ins, pra quem quiser economizar algum e comprar meio quilo de carne (ou menos) pra fazer um churras com os amigos: http://civilwar.4shared.com/ e http://tudofreedownloads.blogspot.com/search/label/Marvel

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Uma Verdade Inconveniente


Parte 1 – Hipocrisia E Dualidade



Este ano, tivemos vários acontecimentos impactantes, revoltantes na sua maioria, que mobilizaram a opinião pública, alguns tendo sido super-expostos pra depois caírem no esquecimento – como o caso Renan… agora que ele se licenciou, mal se comenta sobre o assunto no Senado, mesmo ele estando com CINCO processos nas costas no Conselho de “Ética”. Mais uma vez, a mídia do esquecimento vai entrar em ação e o garoto vai continuar numa boa curtindo uma bela e saborosa pizza (de calabreza, aposto) e mais um rolo inconcluso vai ficar para a história – e quanto menos se falar nisso, melhor.

Quer outro exemplo? A crise aérea que vem se arrastando desde o ano passado, cuja conseqüência mais grave foi o maior acidente aéreo da historia, com 199 vitimas em julho. O que mais se falou disso? Pra se ter uma idéia do quanto esse assunto está tão ultrapassado, até o bode expiatório que eles arranjaram na época, o empresário Oscar Maroni Jr., meu amigo pessoal e dono da casa noturn… ops, “balneário recreativo para adultos” Bahamas, já é noticia velha. Maroni, que foi preso ao se constatar que o prédio que estava construindo para seu novo hotel ultrapassava a altura máxima necessária para decolagens no aeroporto de Cumbica. Só o que eles não fizeram questão de dizer é que alem de esse com certeza ser um risco para a segurança dos passageiros tem vários outros que precisam ser averiguados e responsabilidades para serem atribuídas para as pessoas incumbidas de cada uma delas. Tudo bem, o prédio na altura que se encontra pode ser um risco mesmo, mas e o chão da pista? E os próprios aviões que alguns já passaram do seu tempo útil e seguro de utilidade? E os órgãos responsáveis pela segurança aérea que são administrados por pessoas que não entendem nada do assunto, os famosos cargos de confiança do governo, (tudo pela família) onde a competência é a ultima coisa que importa? Bem, tem diversos fatores para ressaltar aqui, mas o mais grave deles com certeza, é a porra do puteiro do lado do aeroporto. Cara, que puta safadeza isso (e esse trocadilho grosseiro também)! A moral acima de tudo, patriarcais que somos! Pois bem, fecharam o puteiro, prenderam o dono, o piloto que não tá aqui para se defender foi o culpado e os cargos da ANAC continuam a serem negociados pelas legendas em troca de favores políticos – e não se fala mais nisso, porque o importante agora é aprovar a CPMF e garantir que o STF não meta nos conchavos e tramóias partidárias. Resolver problemas pendentes de ética (essa ilustre desconhecida) no Senado… crise aérea – quem morreu, morreu… reforma política, segurança pública… pra que? A mídia tem o poder de fazer um puteiro ter mais importância do que tudo isso.

Em tempo: Oscar já foi solto, logo que as “providencias mais urgentes” à respeito da queda do avião da TAM que matou 199 pessoas em julho foram tomadas. Não se pode dizer que ele não fez sua parte: enquanto as investigações – meio que na má vontade - sobre o acidente corriam pela moita, ele curtia sua celinha de luxo com TV a cabo, quem sabe, com visitas privativas de algumas de suas funcionárias – nada mais normal…o cara é dono de um puteiro, oras! Mas segundo o Governo do Estado, isso não é permitido. Mais uma prova aberrante da hipocrisia do Estado - que até então desconhecia a existência de boates noturnas, coisa que é proibida por lei. Depois que tudo virou noticia velha, soltaram o cara – e o puteiro reabriu! Ou seja, agora que já se passou o período de luto, pode voltar a putaria, só não pode é derrubar avião, de resto… porra, pensando melhor,eu bem que gostaria de ir lá um dia, curtir a vista dos aviões – as garotas, não os da TAM. Tenho muito apreço à minha vida, que fique bem claro.

É mais ou menos assim: quando surge um escândalo que pode afetar o funcionamento da máquina como está, cômodo para quem interessa, de primeiro a mídia bate em cima impiedosamente, cumprindo o seu papel de defensora da opinião publica e do direito do povo à informação, só pra constar. Ai o povo mostra sua indignação, entra em ação as Ong´s de finalidades e utilidades excusas e seus militontos, suas marchinhas revoltadas, os intelectualóides e pseudo “sociólogos”, “historiadores”, “pensadores” se reúnem nos barzinhos de suas faculdades para seus debates etílicos e baseados (this is not a chiste) em sua visão algumacoisaista, (marxista, trotskista, stalinista, lobbysta, porrista…) donos da verdade que são … um monte de merda. Quando o assunto começa a tomar grandes proporções… acontece alguma outra coisa que desvia toda a atenção nacional para ela. Alguma coisa fodidamente terrível que faz o fato anterior ser algo totalmente inofensivo e insignificante como um… sei lá, um anão sem pernas. Enquanto isso, vão se apurando “fatos”, a coisa começa a relaxar, afrouxar, o que era grave ontem, hoje já não é tão importante…Depois, o que era noticia durante 3, 4 telejornais ao dia, vai ficando cada vez menos noticiado, jogado lá pro meio do noticiário, entre a velhinha que ganhou na loteria em Santa Rita do Passaquatro e o jogo do Vascão pela Sul Americana. Aconteceu com o mensalão, quando no auge das investigações prenderam o Maluf… ta, qualquer debilóide sabe que o Maluf é um puta dum ladrão demoníaco, desgraçado e tudo mais… mas por que foram prender ele justo naquele momento, no auge do escândalo com o governo? Porque ele não foi preso nos anos 80, na época da Paulipetro, quando ele era o Governador do Estado? Ou quando ele estava na prefeitura de São Paulo, no começo dos anos 90? Porque naquela época, ele era intocável? Já no momento do mensalão, do Valerioduto, grana na cueca e do caseiro do Palocci, quer um bode-expiatorio melhor do que o ladrão político mais notório do País? E foi a mesma coisa que com o Maroni: depois que aliviou as coisas lá em Brasília, o Malufão e seu filho foram libertados, não antes de ter sido execrado em rede nacional pelo Fantástico e por outros meios de comunicação. Você acha realmente que aquele tempinho que o Maluf passou na prisão foi o suficiente para ele pagar por todos os crimes que ele cometeu? É por isso que a pesar de tudo o que eu disse aqui, eu como muitos (pelo menos uns 10) milhões ainda voto no Maluf – um dia, eu explico por quê. Mas não agora. O inimigo do estado no meomento é a pirataria e a venda ilegal de carteirinhas de estudante. Esses malditos falsificadores…A bola está com eles agora – pelo menos é o que diz a Globo.

Na verdade, o mote deste texto é o de falar um pouco sobre a cultura dos scans de revistas, pirataria de softwares, mp3, filmes, tênis, óculos escuros, enfim… e como isso afeta o mercado fonográfico, cinematográfico, editorial… e tentar estabelecer relações sobre como algo de relevância menor no esquema geral pode ser utilizado como bode expiatório para encobrir e desviar a atenção de algo muito mais grave ocorrendo, mas que não é da (má) vontade do sistema de mudar. Ou seja: o Zé Buceta e sua banquinha de cd´s falseta (rimou!) é um mal maior do que o agora ex Presidente do Senado com 5 processos no Conselho de ética do próprio Senado ou o mal estado em que se encontram as estradas brasileiras, aeroportos e a segurança pública.


Parte 1.2 - Moral e Ética X Vida Real

Se tem uma coisa – entre tantas outras - que me deixa puto, é gente “moralista”. O que é “moral”? Quem define os padrões de moralidade? Onde, em que lei universal, por exemplo diz que um cara ser partido no meio num gibi ou num filme é moralmente permitido e um par de belos peitinhos, não? É estranho, né? Essa mesma moral que eu vi ser alardeada incessantemente, vem sendo o assunto da moda nestes últimos meses. O maior exemplo disso é ver a Globo (sempre ela) batendo pesado na venda ilegal de carteirinhas de estudante e na venda de produtos ilegais – a chamada pirataria, por meio de campanhas publicitárias de “conscientização” ou botando o seu departamento de jornalismo para trabalhar duro contra a pirataria.

Não vale entrar aqui no mérito de que a Globo deve fazer isso porque é dela o maior prejuízo que disso advém, seja porque lhe pertence praticamente toda a produção de cinema nacional, a maioria do efetivo dos artistas de MPB principalmente fazer parte de sua gravadora, Som Livre ou de possuir a alma de quase todos os atores nacionais, sejam eles do cinema ou teatro… isso não tem o que questionar. A Globo mais do que qualquer outra emissora do Brasil, é uma empresa. Uma mega empresa que visa lucros – e é extremamente bem sucedida nisso – e se algo está obstruindo o seu ganho, ela tem mais é que combater isso com as armas e recursos que mais lhe aprouver, para garantir seus direitos. É a maior emissora do Brasil e uma das maiores do mundo! Não foi sendo branda e compassiva que a rede do “nosso pai” Roberto Marinho se tornou o que é hoje. É o que eu digo quando vem um filho da puta, uma vaca pra mim e fala que ficou revoltado(a) porque parou de passar a série do Angel na Globo, terça às 3 da manhã ou que acha as novelas e o futebol de fim de semana uma merda de mal gosto e que foi uma sacanagem censurar as cenas mais violentas do Samurai X. Porra… ta mais do que certo! Que se fodam os 5 fãs do Angel que viravam as madrugadas de segunda pra terça pra assistir o vampiro canastrão… Eu sou muito fã de Samurai X, mas se o horário não é próprio pra criançada assistir as aventuras do nosso bom retalhador e as mães estão indóceis, Bob Esponja neles! E novela e futebol na tv é uma merda? Só nerd e roqueiro revoltado que acha isso. Aposto que as mães de todos eles prefere assistir o Fagundão ou o Tony Ramos do que um episodio de Naruto (e os anunciantes também). Enfim, analisando pelo viés comercial e administrativo, a Globo é um exemplo de visão corporativa à ser seguido por qualquer empresário que queira ser bem sucedido, seja de qual segmento. Eticamente… nem tanto…mas… o que é moral e ético? Se você me perguntar, eu sinceramente vou pensar, pensar e dizer que não sei explicar, mas não preciso saber também, pois tem tantos defensores ferrenhos da moral e bons costumes e donos da verdade para servirem de exemplo que minha opinião é menos do que nada, nothing, nyet, zipardonio, zilch…

Parte 2 - Vícios

O que é um formador de opinião? Basicamente pode-se dizer que é aquele que por meio de um discurso é capaz de mobilizar um grupo de pessoas a um pensamento ou uma atitude, à uma idéia em comum, de acordo com seu interesse – ou não, como diria Caetano. Geralmente é atribuída à mídia o papel do formador de opinião, o que é um erro. Ele pode ser um órgão de comunicação ou até mesmo só uma pessoa que molda a opinião de uma massa de acordo com a sua própria. Um autor que passa a sua mensagem através de seus personagens numa peça, num filme, num gibi…O formador de opinião pode ser qualquer um – até mesmo o Zé Buceta citado acima. Onde a Globo diz que pirataria é crime, ele se for um cara esperto pode ter argumentos que defendam o que ele faz e assim, a diversidade acontece – os que são à favor e os que são contra qualquer assunto.

Como leitor já há quase 20 anos e entusiasta de quadrinhos que sou, vou falar um pouco do mercado de quadrinhos como eu o vejo e o papel dos scans nisso tudo.

Tenho 25 anos e leio gibis desde que eu tinha 5, 6… lá pros idos de 87 - na verdade, então, eu já leio quadrinhos há mais de 20 anos. Acho que é a negação de tá ficando velho, já tô chegando aos 30 daqui a pouco… Seja como for, pra quem é fã de HQ vai ficar mais fácil de acompanhar e entender o que eu vou dizer aqui: naquela época, 87, 88 foi um dos melhores períodos das historias em quadrinhos no Brasil: Demolidor de Frank Miller, X-Men Claremont / Byrne, Novos Titãs da fase Wolfman / Perez, Crise Nas Infinitas Terras, reformulação na DC… eu peguei tudo isso… muita coisa boa. Mas tudo tem seu preço e naquele tempo, à cada mês era um diferente. Tempos de inflação, Sarney… um gibi que custava 0,50 cz$, no mês seguinte, saia por 6,00 cz$. Com o passar do tempo, as coisas foram se acertando mais ou menos, tendo suas más fases de vez em quando, (época das tabelas em 92, revistas Premium…) mas nada que comprometesse o alimento do vício – eu reconheço que sou um viciado em quadrinhos, leio praticamente tudo o que sai e não tenho a menor vontade de largar, mas sempre tomando o cuidado de não deixar que isso me prejudique demais, seja deixando de acasalar com freqüência ou de passar por um idiota completo ao confundir o mundo real com o fantástico como fazem muitos “nerds” por aí.

Assim como eu, tem muitos outros fãs que também tem suas historias com os quadrinhos e cada um sabe do valor que isso tem em suas vidas, assim como cada um tem sua opinião sobre por exemplo qual editora é melhor, qual herói ganha de não-sei-quem, cada um sabe o que faz de sua vida e o que lê e como adquire o que lê. Um gibi em media custa 7,00 r$, o salário mínimo é 380,00 r$ e não é de nenhuma boa vontade das empresas de pagar um salário justo para seus empregados. Como a Globo, as empresas visam lucros e enquanto tiverem pessoas dispostas a encarar uma jornada de trabalho de 9, 10 horas por dia, de segunda à sábado por míseros 380 paus, sem almoço e condução, a leitura vai se tornar uma coisa cada vez mais supérflua. E priorizando o essencial, o que é supérfluo tem que ser cortado. Então, o Lanterna Verde e o Tio Patinhas que me desculpem, mas eu preciso (e prefiro) comprar um quilo de carne com esses 7 reais do que comprar um calhamaço de papel jornal com um cheiro fortíssimo de tinta, ainda mais que eu sou alérgico à tinta .

As editoras também são empresas e também precisam de lucros para sobreviver, mas eu já defendi o ponto de vista administrativo e ele vai muito contra o meu ponto de vista pessoal: num País em que se ganha tão pouco, um gibi de 7 reais é menos importante do que por comida na minha mesa.

Sendo bem prático: o salário de hoje não tem o mesmo valor de 10 anos atrás. Quem podia se dar ao luxo de comprar seus gibis e isso não afetava suas despesas, hoje tem que economizar pra passar o mês sem apertos. Isso é ponto pacifico e é uma coisa que os “defensores da moral e da ética” esquecem de dizer, talvez por não passarem por essas necessidades vivendo em seus apartamentos no Leblon. Então o leitor de outrora, que não pode mais manter sua coleção e que não quer ficar sem sua cota mensal de diversão e cultura, (por mais que tenham idiotas que menosprezam os quadrinhos no Brasil onde “gibi é coisa de criança”) tem nos scans uma opção de manter sua leitura e no caso de alguns fãs mais hardcore - como eu, seu vicio.

É o mesmo do fã do Calcinha Preta ou do Latino e que não tem 35 paus para pagar no CD original, bonitinho com encarte e legalmente politicamente correto com notinha fiscal. Ele não vai deixar de comprar um cd que custa no máximo 5 pilas, de fundo verde, qualidade porca, sem encarte, (ohhhh, que grande perda) mas que tem as mesmas músicas – que é o que importa mesmo no cd - em detrimento de um original na loja, só porque algum bundão disse em sua pagininha na internet que isso é errado.

Não suporto cheiro de cigarro, mas meu pai fuma e tenho amigos que fumam. E quando o nego não tem 2,50 pra comprar um maço? Vai na banquinha do Joe lá na esquina e você vai achar diversas marcas pra escolher, tudo made in Paraguai. Mas ai a Souza Cruz, com seus cancerígenos politicamente corretos, que faz tudo dentro da lei, paga seus impostos e emprega trabalhadores, sai no prejuízo… fuck up! O importante pro viciado é soltar fumaça, não importa por onde – e nem de onde. Vai fazer mal pro pulmão de todo jeito, mas alivia no bolso. E já que os dois (o politicamente correto e o chicano) matam do mesmo jeito, economizando pelo menos sobra uns trocados pra comprar o cafezinho do velório e o caixão.


Ai entra nosso amigo reacionário bundão dizendo que isso é moralmente anti-ético e que isso é um problema. Sempre vai ter alguém para opinar, criticar, mas pra oferecer soluções, nenhum corno se habilita. E depois vem reclamar que o povo é assim mesmo… que todo mundo tá (mal) acostumado e errado em sempre arranjar um jeitinho… Isso é certo. Somos mal acostumados. Adoramos um jeitinho mais fácil de conseguir as coisas. E quem não é? Oh, mas isso é ilegal. O prefeito da sua cidade desviar verba publica para comprar uma chácara ou um iate também é. Dos males qual o maior? Tenho certeza de que o pião que rebola pra passar o mês com o salariozinho de merda que ganha e sobrar um troco pra comprar o seu “careta”, pagaria 3 pilas numa caixinha de Marlboro, se tivesse condições pra isso, mas como não tem, ele se vira com um Campeão que custa no máximo 1 real e vai esfumaçar o pulmão dele do mesmo jeito. Agora manda o político parar de roubar, seu piadista. E no final qual dos vícios é mais prejudicial à sociedade?

Parte 3 - Scans War: De que lado você está?


Voltando ao rolo dos scans… Como já disse antes, eu sei que o mercado de quadrinhos precisa das vendas pra subsistir, assim como qualquer outra empresa. E que se chegar a um ponto em que ninguém mais compre o que sai nas bancas, essas editoras serão obrigadas a fechar suas portas e conseqüentemente o mercado de quadrinhos deixará de existir. Mas nada é tão simples assim e também não tão preto no branco (até jornal agora é colorido) como os defensores dessa tese querem que pareça.

Por exemplo: eu colecionei por muito tempo a revista do Homem-Aranha, que é o meu personagem preferido e o qual eu acompanho tudo o que sai por aqui desde 88. Dos últimos anos para cá, esse personagem vem passando por péssimos roteiristas e amargando o seu pior momento em todos os seus 45 anos de historia. Mas fã é assim mesmo… é igual “mulé” de malandro, tá sempre junto. Pois bem, ao pagar 6,90 em uma revista do Aranha, eu era obrigado à levar junto uma historia do Venom, a qual eu nem sequer desfolhava as páginas de tão ruim que era aquilo. Não preciso dizer que sei a necessidade (e apoio) de se manter as revistas-mix e que este é o único meio viável de se publicar quadrinhos tanto aqui como na maioria dos outros paises e que também tenho a consciência de que dificilmente esse mix vai agradar à todos os leitores. Só que a indignação de pagar 6,90 numa revista que metade de seu material é descartável continua. É um dinheiro que vai e não volta. Pode não parecer muito, mas 6,90, mesmo sendo uma mixaria é muito se comparado ao salário mínimo de 380 paus. É como eu disse: o que era um dinheirão 10 anos atrás, hoje é trocado de bebum que não dá para comprar nem um quilo de carne. Mas mesmo assim faz falta.

E porque eu insisto no quilo de carne? Vou dizer agora: Eu baixei (mea culpa, mea máxima culpa) uma revista chamada Fell, escrita pelo Warren Ellis, um escritor britânico do qual não sou muuuuuuuuito fanático. Tem umas coisas espetaculares dele (Authority, Planetary, Nextwave) e outras que eu não curti tanto, (Transmetropolitan, Excalibur) mas uma coisa que eu gostei foi o posfácio dessa primeira edição de Fell, (que também não é nenhum épico) onde ele conta a historia da publicação dessa revista.

Basicamente é o seguinte: pra ele (e pra mim também), um dos grandes lances dos quadrinhos é o de você com um punhado de moedas e troco de pão, poder obter uma coisa que vai acrescentar algo à sua cultura ao comprar um gibi. É como dizem do próprio Authority: são mega filmes que nunca serão produzidos porque demandariam um orçamento obsceno e efeitos especiais impossíveis de serem criados, mas que podem ser apreciados no formato de uma revista em quadrinhos, fora que o cinema não conta com a capacidade de narrativa dos quadrinhos, disposição, formas de painéis, etc.

Maaaaaaaaaaaas na prática, não é bem isso o que acontece. Os ditos “trocados” são cada vez mais valiosos e fazem muita diferença no dia-a-dia. Não estamos mais nos anos 80, como o próprio Ellis deixa bem claro em seu texto, e foi aí que ele disse (com toda razão) que hoje é preciso escolher entre sair de uma banca ou livraria com um “pedaço de nova cultura” ou comprar um quilo de carne.

Mesmo sendo um escritor de quadrinhos e que depende da venda deles pra receber o seu bozó, Warren Ellis entende que muitas vezes você tem que abrir mão de algumas coisas supérfluas porque tem de contar cada centavo, mas mesmo que sua leitura básica não seja algo primordial para a sua sobrevivência básica, seria bom que você a tivesse por um custo acessível e justo, um punhado de moedas.

Então o que ele fez? Bolou uma revista com menos páginas que uma revista comum nos States, fazendo o preço dela baixar um dólar a menos do que o preço padrão das revistas de lá, com histórias fechadas em cada edição e auto-contidas, (não precisa de acompanhar outras revistas – os chamados tie-ins, pra entender a história) de forma que o sujeito consiga comprar sua preciosa “fatia de cultura” e ampliar a sua leitura, mas sem abrir mão da carninha pra levar na marmita. Não precisa dizer que essa não foi uma iniciativa que pegou: hoje Fell já não é mais publicado e as revistas de 22 páginas continuam em média 2,99 $ por lá.

E aqui? Quando não são as revistas mix de conteúdo muitas vezes duvidoso, que custam em média 6,90, são os encadernados com acabamento de luxo que na sua maioria, saem por um preço exorbitante e exagerado, sendo um verdadeiro desbunde mesmo para o fã de quadrinhos pagar 70, 80 paus num gibi, por mais espetacular que seja a historia.

Fora que muitas vezes as editoras não respeitam a opinião dos leitores e quando não empurram goela abaixo nos mixes de suas revistas o que ninguém quer ler, deixam de publicar o que eles pedem – por exemplo, em várias seções de cartas das revistas DC da Panini, tinham leitores pedindo a publicação no Brasil das historias do Homem-Borracha do Kyle Baker. Esse material saiu por aqui? Não.

Outra coisa: quem acompanha os noticiários, sabe que em certas épocas a cotação do Dólar cai, o que aproxima o seu valor com o do Real. E que isso acarreta na baixa do preço de alguns produtos como o petróleo, energia elétrica, pão francês e por ai vai. Quer dizer, porque quando baixa o Dólar, baixa a farinha de trigo, o leite, o açúcar, a conta de luz e os gibis continuam o mesmo preço? Porque as editoras só lembram de repassar os acréscimos aos seus leitores? Quando o preço de capa de uma revista sobe, a primeira coisa que eles dizem é que foram obrigados a aumentar por causa da situação econômica do País, por causa do Dólar e bla bla bla… era assim no tempo da Abril e é assim até hoje. Claro que não podemos ser injustos – as revistas mensais de 100 páginas da Panini estão pelo mesmo preço (6,90 r$) desde 2004 – se bem que eles descontam metendo a faca em suas mini-series e edições especiais. E falando em edições especiais… vez ou outra aparece uma Via Lettera, uma Opera Gráfica ou uma Mythos metendo 70, 80 pilas num encadernado se apoiando unicamente no conceito do autor ou na reputação da historia publicada. Eu não consigo deixar de encarar isso como sendo feito de má fé por parte dessas editoras.

Dai surge o impasse: todos queremos ler boas historias, mas a maioria não pode, outros não querem pagar o preço imposto - as vezes autoritariamente pelas editoras – e ai… o que fazer? Deixar de ler? Afinal: “(…)quadrinhos não são artigo fundamental. Você pode viver sem eles(…)” Claro que pode, mas daí a querer, é outra historia. Depois que se pega gosto por uma coisa, seja ela qual for, o estrago já foi feito. É como sexo: dá para viver sem, não é como comer (pensando bem, é sim vai…) ou respirar, mas vai dizer isso pro cara que tem sua rotina sexual definida pra parar de fornicar. No mínimo e com toda razão ele vai te mandar pra casa do carvalho – pelo menos é o que eu faria – em ambos os casos.

Claro que sempre ao se tratar de um assunto desses, a primeira coisa à ser vista é a situação de cada País: nos Estados Unidos, Joe Quesada e Dan Didio, os chefões das duas maiores editoras, Marvel e DC acreditam que os scans não prejudicam a venda de seus títulos por lá e um autor como o Warren Ellis pode se dar ao “luxo” de lançar uma revista, com um preço inferior ao de mercado, sem visar lucro imediato. Aqui no Brasil, a historia é outra: Os títulos principais de super-heróis são publicados em sua maioria em revistas de 100 páginas, contendo 4 historias cada em média, com uma distribuição de historias e personagens diversos, visando atender uma variedade de gostos da forma mais acessível possível, dentro de um numero limitado de revistas mensais. Outra desvantagem: temos uma defasagem de um ano do que sai nos USA e em muitos casos o cara que lê o scan da revista quando sai lá não vai querer comprar um ano depois pra ler a edição nacional. É como pagar (caro) por comida requentada – ou regurgitada se a historia for ruim – é, eu sei… este exemplo ficou muito tosco mesmo.

Este texto já era para sair há algum tempo, mas teve um artigo recente sobre os scans e o mal que ele representa para moral e ética do brasileiro (a única coisa que eu acho engraçada, é esses artigos começarem à sair só agora que a Globo começou a pegar pesado contra a pirataria) que li em um site sobre quadrinhos, cinema, cultura pop, que visito freqüentemente, apesar de não me agradar sempre - e que me incentivou à escrever de vez isso aqui. Foi o fuel que eu tava precisando pra dar a arrancada neste texto, (na verdade, eu fiquei foi puto mesmo e se eu escrevesse isso nos comentários de lá, teria meu texto deletado e meu IP bloqueado, como já aconteceu antes) então eu vou pegar alguns pontos do artigo original: http://www.melhoresdomundo.net/arquivos/006605.php e discutir algumas coisinhas.



3.2 – Legalidade E Moralidade Na Terra Do "Jeitinho"

Legalidade: baixar scans é ilegal. Financiar campanhas de reeleição com dinheiro público também é. Prostituição infantil é ilegal. Mas ninguém dá jeito nisso. Não me vejo como um criminoso fazendo download do Booster Gold e Astonishing X-Men que acabou de sair na Gringolandia, mas quando ouço falar de exploração infantil ou de abuso de poder – são coisas que me deixam doente. Dá vontade de virar o Justiceiro e meter bala nessa cambada de filhos da puta. Mas isso também seria ilegal, dá cadeia. Então eu vou continuar apenas baixando meus gibis aqui na minha, antes que eu me complique mais.
Além do que, esta é uma questão muito vaga. Por exemplo, ao comprar um cd ou um dvd original, bonitinho com encarte, tudo nos rigores da lei, com notinha fiscal e tudo o que tem direito, lê-se algo do tipo nas letrinhas miúdas: “É proibida a reprodução, locação, execução pública e radiodifusão deste disco, estando sujeito as penalidades previstas por lei.” Então o que eu faço com um cd de 40 paus? Se é proibida a reprodução, então não posso ouvi-lo, gravá-lo pra ouvir num mp3 player se eu quiser. Não posso emprestar, porque é vetada também a locação. Se o CD for uma bosta e eu quiser vendê-lo, sem chance, porque não vou poder emitir nota fiscal. E o que se entende por “execução pública”? Onde tem mais de duas pessoas num mesmo recinto pode se dizer que é um ambiente público. Então, se EU comprei o tal CD, apenas EU posso ouvi-lo? Se eu rolar um sonzinho numa festa ou sair de carro (quando eu tiver algum) vou estar sujeito a encarar um xilindró de acordo com a “lei”? E se eu aumentar um pouco a mais o volume do meu rádio quando tiver ouvindo um Foo Fighters e o som vazar pra fora de casa, o meu vizinho pagodeiro pode chamar a policia para me aplicar as “penalidades previstas por lei”?
Então o que se faz com um cd original de 40 pilas, de acordo com a “lei”? Enfia no cu??
Baixar scans desrespeita os direitos dos autores? Marvel e DC ficam nos Estados Unidos, como qualquer idiota sabe, e os editores-chefes de ambas editoras concordam que o download ilegal de scans não os prejudicam, deixando claro a sua posição quanto à isso. E fã de Joe Quesada que sou, o que ta bom para ele ta bom para mim. Next?

Moralidade: é como bunda. Cada um que cuide da sua e não meta o dedo na dos outros, a não ser quando for convidado ou estiver pagando por isso – Ugh! Mais um chiste chulo e gratuito! Falar de moralidade é voltar ao tema acima e confundir com legalidade: se tivesse algum artigo na tal da Lei dos Direitos Autorais validando o download de scans ou mp3 ou qualquer coisa que seja, ou saísse alguma emenda ou portaria dizendo que à partir de tal data, é permitido baixar essas coisas, aí já seria “moralmente” permitido e poderíamos todos dormir o sono dos justos, porque estamos fazendo o que é certo? Então a “moral” é algo tão volúvel que é orientada pelo que é determinado pelo legislativo? Isso é o mesmo que dizer que sua “moral” é baseada no que tipos como Clodovil Hernandez, Frank Aguiar e Waldemar Costa Neto legislarem. E qual o problema nisso? São todos congressistas “éticos”, de moral inquestionável e honestíssimos… e o Peter Pan existe, se você pular do vigésimo andar do seu prédio você vai voar que nem ele – até o chão pelo menos. Quer tentar?
Somos 170 milhões de cabeças pensantes aqui neste País, (ou pelo menos deveriam ser) e são 170 milhoes de pessoas diferentes, de criações diferentes, ideologias diferentes e limites diferentes do que é certo ou errado. Eu sou a favor de aborto, pena de morte e contra pastores evangélicos que se utilizam da fé das pessoas para enriquecerem e construir seus templos faraônicos e bancar seus carros importados, já minha mãe não. Por aqui, pastor só anda de Audi, BMW… eu acho isso uma filhadaputice do caralho. Mas vai falar mal do pastor da igreja da Dona Lucia pra ela… Então eu ainda não encontrei um padrão universal de “moralidade” que eu pudesse seguir e dizer que é o absolutamente correto, enquanto isso, eu mesmo vou decidindo o que eu faço ou deixo de fazer e pra mim os meus padrões me servem melhor do que os do Renan Calheiros, Joaquim Roriz, Homero Jucá e essa corja toda.

3.2.1 - Pra Não Ser Injusto…

Vamos ver algumas finalidades perceptíveis na pratica dos scans, mas que os detratores fazem questão de não citar:


Divulgação das histórias – com a globalização e o crescimento do acesso à informação e à inclusão digital, é praticamente impossível manter o ar de suspense e excitação das décadas passadas. Hoje, principalmente nos quadrinhos, cinema, series de tv, se sabe o que vai acontecer antes mesmo de tal item ser lançado no seu país de origem. Então, quando sai um exemplar de tal revista, ela já vai ter sido falada antes de seu lançamento. Mas de inicio só terá acesso à ela quem mora nos states ou quem importá-la (boy!). Com os scans, quem quiser, vai ter disponível a versão digital e ler a mesma historia que se pagaria 6 reais por aqui, fora as taxas de importação. Se for ver pelo lado da historia per si, o numero de leitores em potencial sobe - e muito com os scans, então, eles ajudam a divulgar as historias sim.

Rentabilidade – scans em teoria não são feitos com fins comerciais. É mais uma questão de ego. Eu acho que o que interessa mais pro cara que escaneia, diagrama e traduz é o de ver o seu nome nos créditos numa revista digital que vai circular por toda a rede, nas telas dos PC´s de vários fãs assim como ele próprio. Mas eu não sou do meio, então eu posso estar errado…
Já a pirataria de modo geral, é “totalmente ilegal, alimenta a industria do crime, deixa de gerar inúmeros empregos, prejudica os comerciantes”… se quiser saber mais sobre este assunto é só colocar na Globo. Eles estão pegando a pirataria como o vilão nacional agora que resolveram dar uma folguinha pro Renan.

Gosto popular – como eu disse, o respeito de certas editoras por seus leitores as vezes chega a ser quase zero. Muita coisa é empurrada sem os leitores pedirem e o que a gente pede na maioria das vezes “não está nos planos em publicar tal coisa” por ser “inviável”. Desse modo, quem não tiver a fim de gastar uma fortuna com um monte de gibi importado, pode encontrar na net títulos que nunca foram e nem serão lançados por aquí ou revistas que foram publicadas há 20, 30 anos e que nunca mais foram reeditadas.
Do mesmo jeito que o gosto popular na minha opinião justifica os scans e a diversidade que ele oferece com a vantagem de ser gratuito e se você não gostar da historia, é só apagar do seu HD e não vai ter nenhum ônus por isso, (só o de ter que conviver com sua consciência de pecador, mas isso é historia pra outras bandas) Se justifica também o fato de o Linux, apesar de ser uma “opção gratuita e viável”, não ter se firmado, mesmo com esses computadores do governo e o Windows ser o sistema mais popular e utilizado até hoje. O Línux é gratuito, mas em todo lugar que você vai, o pessoal só sabe (quando sabe) mexer no Windows. As vezes só muda a interface gráfica de um sistema pro outro dependendo da versão de línux, mas pergunta pro mano ou pra vadia que vai na lan house orkutar se eles querem usar um PC com Línux. A resposta na maioria das vezes será: “Linux? Com que se come isso??” A fácil acessibilidade e divulgação do Windows tornou-o o sistema popular que ele é hoje. Além disso, mesmo que a maioria dos PC´s domésticos tenha Windows pirata, (excluindo alguns santarrões que não compram softwares piratas e nem baixam mp3) muitas empresas (nem todas) compram produtos originais pras suas máquinas, então o preju não é tão grande assim. A mesma coisa com o Playstation, o que a Sony perde em venda de jogos, ela ganha na de consoles. A Nintendo veio na época da geração 128 bits com o seu Game Cube e sua midiazinha anti-pirataria e o que aconteceu? Ela se fodeu! Assim como se fodeu quando insistiu em continuar com um console de cartucho quando a Sony tava enchendo o rabo de dinheiro com o Playstation 1. O que define se tal produto é bem sucedido ou não é o numero de pessoas que tem acesso à ele. Se para isso, tiver que caminhar paralelamente e compartilhar lucros com a pirataria, que seja. Pior que isso é o esquecimento e a indiferença. Indiferença é morte.
Quando uma Ivete Sangalo ou um Calypso botam 1 milhao, dois milhões de pessoas num show na Paulista ou no raio que o parta, é muita ingenuidade pensar que todo mundo que tá ali tem um cdzinho original desses artistas. E se fossem contar apenas os que o tem, não dariam nem 1% do total, pode acreditar. Esse negócio de que pirataria atrapalha artista é tudo coisa da Globo e das gravadoras. Num País onde que com 50 mil cópias o nego já vai receber disco de ouro no Gugu ou no Faustão, se ele for depender só de venda de disco, ele tá é fodido – e não é fodido como a Nintendo que é um mega conglomerado da industria dos vídeo-games, é fodido mesmo! De ter que tocar no trem ou em associação amigos do bairro para comprar… um quilinho de carne do Warren Ellis.

4 - Pra liquidar enquanto ainda tô ganhando (ou pelo menos, enquanto penso que tô):

Falar de “moral” e “ética” é uma coisa complicada. Não que eu seja totalmente “amoral” e “corrupto” na definição ortodoxa da palavra, mas sim porque eu não acredito nesses arquétipos maniqueístas de “bem” e “mal”… o “certo absoluto” e o “errado absoluto”. O mesmo cara que é um explorador de criancinhas pode ser o cara que se joga na frente de um tiro pra salvar alguém de sua família… sei lá.
Mas seja como for, é mesmo complicado falar de certos assuntos. Comecei este texto com a idéia de falar sobre a “industria” dos scans, passar brevemente pela pirataria, e dissertar um pouquinho sobre a prática de encontrar um bode expiatório toda vez que uma sacanagem se torna conhecida pelo público. No final, acabou virando um texto de 10 páginas que eu tive que dividir em três partes, porque é impraticável lê-lo de uma vez só num blog de internet, onde a idéia é justamente a contrária – a de textos resumidos, diretos e objetivos. E nem sequer passava pela minha cabeça de acrescentar os comentários do artigo do Melhores do Mundo – até mesmo porque eu ainda não o tinha lido quando pensei em escrever isto aqui – e no final, acabou incrementando mais a idéia original e me colocando à pensar mais a respeito do assunto que estava escrevendo.

Sobre os scans e a pirataria: é totalmente compreensível a posição das empresas quanto a terem seus produtos falsificados e seus lucros desviados pra outras pessoas. Mas pelo outro lado, é absurdo cobrar 70 reais num dvd ou num gibi, numa peça de teatro ou pagar 300 mangos num Plasma original com a situação econômica do País que mesmo que esteja menos pior (e esse é o termo certo) do que há alguns anos atrás, ainda é inacessível para a maioria das pessoas. Se as editoras, gravadoras, fabricantes e a classe artística em geral acompanhassem a situação econômica, o papel que a Internet desempenha na sociedade atual e trabalhasse numa forma de passar um valor justo ao público, a pirataria não teria a força que tem hoje. No final, a culpa é deles mesmos, por pensarem apenas em meter as garras no que acham que é seu direito e se esqueceram que aqui é a terra do “jeitinho” e agora choram em rede nacional pra tentar sair do prejuízo. Agora já foi, baby, e o negócio é rebolar pra viver e… não sair do negócio. Enquanto isso, a 25 de Março vai continuar lotada de camelôs vendendo a “mesma” camiseta do Timão por 20 contos que na Loucos e Doentes do shopping vai custar 150 paus. E o mesmo com os tênis baciados, Windows pirata e Spy Glasses. Ah sim, os malditos, imorais e pérfidos scans vão continuar infectando os computadores da galera pelo mundo todo, seja em inglês, espanhol ou em português mesmo. O importante é enriquecer a leitura, e com a barriga cheia de carne de preferência.

Quero deixar bem claro aqui, que nunca é minha intenção ao escrever qualquer texto de ser vago, superficial e evasivo, nem de ofender ninguém, (as vezes a intenção é totalmente essa sim, mas não hoje) apenas quero utilizar um espaço que eu abri pra de vez em quando escrever algumas coisas que me vem à cabeça e que pra muita gente não deve valer nada, nothing, nyet, zipardonio, zilch – que é o mesmo que vale a “moral” e “ética” de muita gente por ai pra mim.

Saca só essa: se quiser ler na integra o discurso do Warren Ellis do tal do quilo de carne, aqui tá o link pra baixar a edição numero 1 de Fell, onde tem o texto completo do cara:http://www.4shared.com/file/27268076/7766f430/Fell01HQBR20NOV05OsImpossveisBRGibiHQ.html
Pra continuar no clima, segue também uma musiquinha ao vivo e rara do Metállica: http://www.4shared.com/file/27268539/857eee4e/Metallica-One_1121050229.html– que foi contra o Napster na época do boom do mp3 em 99, que foi quando se iniciou o loooooooooongo debate sobre pirataria de músicas na rede que dura até hoje. Espero que o Lars Ulrich não me processe por essa.