terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Review: Marvel Apresenta 31 – As Incríveis Aventuras de Stan Lee




Este review tá bem atrasadinho, mais pelo tempo que saiu a revista por aqui (agosto) do que outra coisa, já que faz pouco tempo que eu a li, mas uma coisa que eu percebi em outros sites e blogs é que review de revista é uma coisa que costuma atrasar mesmo, então acho que tô na tolerância e vou escrever desse gibi assim mesmo.

Depois dessa desculpa esfarrapada, vamos aos trabalhos - só deixa eu buscar o charuto, a farofa amarela e a pipoca. As Incríveis Aventuras de Stan Lee é uma série comemorativa que a Marvel lançou nos states no ano passado pra comemorar os 65 anos de Stan “The Man” Lee na editora. São 5 edições especiais, com algumas de suas criações preferidas (Homem-Aranha, Doutor Destino, Doutor Estranho, Coisa e Surfista Prateado) e em cada, uma historia escrita pelo próprio Lee, uma secundária produzida por outros grandes nomes da industria dos quadrinhos norte-americana – tirando o Jeph Loeb, que seria bem melhor que ficasse de fora, só fazendo consultorias pra séries de tv, pelo menos lá, a gente não sabe exatamente o que ele faz na verdade e se ele fizer alguma cagada não vai incomodar ninguém. Se bem que até a historinha do Loeb, apesar de ser a mais fraca de todas, não foi tão ruim assim, ficando bem acima de algumas coisas medonhas como Superman / Batman e Ultimates Vol. III (o qual eu ainda nem vi e já não gostei).

De bônus, ainda tem várias historias curtas de artistas independentes americanos como Fred Hembeck (Fred Hembeck Destroys The Marvel Universe) e o Chris Giarusso das tirinhas Pequenos Heróis Marvel que saiam na seção de cartas das revistas quando a Panini começou a publicar a Marvel em 2002 aqui no Brasil.

A primeira historia mostra o encontro do velho mestre com o monarca da Latveria, o Doutor Destino, que pra muitos é o maior vilão de todos os tempos – bem, eu prefiro o Magneto (lá vem porrada…). O legal nessa história é ver depois de infinitas interpretações, o velho Doutor dos primórdios do Universo Marvel. Cara, é a melhor interpretação do Doutor Destino de todos os tempos – a da fase do Byrne no Quarteto tá quase lá também.

As antigas historias do Quarteto eram espetaculares, principalmente por sua simplicidade. O Doutor Destino é o clássico vilão que sempre tem um plano mirabolante e se ferra no final. E foi essa essência clássica dos vilões de contos de fadas que Lee utilizou em sua abordagem do fanfarrão-mor da Marvel, um vilão que é pura e simplesmente mau e é a representação perfeita do arquétipo do vilãozão sem pretensão alguma de que seja um vilão pra ser levado a serio – confiram principalmente os diálogos. O Doutor Destino pra mim é um cara que é mau e pronto. Sem frescuras, sem rodeios. E o véio sabe como mostrar isso – afinal foi ele quem o criou.

O desenho de Salvador Larroca dá o ar de “nobreza” que a historia pede, principalmente por se passar no reino da Latveria, na sala do trono do Doutor Destino e bla, bla, bla. É um estilo que chega a ser meio cansativo, devido ao seu virtuosismo plástico e se apoiar muito nas cores, mas ficou bacana, talvez por a historia ser mais curta do que o convencional.

Em seguida, ele… o homem, o mito, amado por alguns (poucos) e odiado por (quase) todos: Jefe Lobo e seu parceirinho de quase todas as horas: Ed Mc Guinness. Aqui, ele não deu mais uma de suas habituais mancadas e sua historinha até serviu pra complementar a anterior, dando um apanhado geral dos confrontos entre Destino e o Quarteto Fantástico na fase Lee/Kirby. Finalzinho previsível, mas legal – Pro Loeb.

Tem uma Historinha de duas páginas “Fiel Leitor” bem bacaninha, mas não creditada.

Na historia de Lee com o Doutor Estranho, o que chama a atenção mesmo pra mim, é ver um dos meus desenhistas preferidos de todos os tempos: Alan Davis – o cara pra quem o rei dos fanboys, Bryan Hitch deve o seu braço direito. Cara, eu sou muito fã do trabalho do Alan Davis. É claro que em certas partes, seu desenho é totalmente previsível e algumas cenas remetem à outras já vistas anteriormente. Mas mesmo assim, ele tá no topo pra mim dos desenhistas que eu mais curto e se tivessem chamado o cara pra fazer Civil War, teria sido espetacular. Quanto a historia, bem esquisitinha, mas legal até. De primeiro, não tinha curtido muito essa, mas depois lendo outra vez, simpatizei mais com ela. Tudo OK até aqui.

E continua melhor ainda: a historia do Homem Impossível serve meio que como uma breve análise-retrospectiva-critica dos últimos acontecimentos que ocorreram na Marvel e foi feita pela dobradinha manjada das historias do Aranha Ultimate: Bendis e Bagley. Muito legal mesmo. Teve até uma cutucadinha nas merdas que o Strasczinsky (acho que escrevi certo, se não, algum corno que se habilite a corrigir e deixe um recado em alguma comunidade no Orkut) andou fazendo com o Homem-Aranha tradicional. Mas então, legal mesmo essa historia e o tour do Impy pela redação da Marvel ficou muito engraçado. Uma coisa que eu tava pensando: não podiam ter escolhido personagem melhor pra essa historia. Não só por causa das habilidades de teleporte do Homem Impossível, mas sim por utilizá-lo como um recurso pra representar o típico leitor e fã xiïta de quadrinhos que esperneia quando mexem em algum “cânone sagrado”, quando ocorre alguma mudança nos personagens e no jeito de se contar as histórias. E qualquer leitor da Marvel sabe que o Homem Impossível não passa de uma pateta e que ninguém o leva à serio – assim como leitores xiitas não merecem serem levados a serio e não, não sou um deles por escrever aquela critica da Civil War, a galera é que me entendeu mal.

Diretor Stanley, do Chris Giarusso é bem engraçadinha também, mas quem lia as tirinhas dele que saiam aqui nas revistas da Panini e no site da Marvel vai achar que duas páginas foi muita encheção de lingüiça (pelo menos eu achei).

Podem me achincalhar, mas eu me decepcionei um pouco com a historia do Aranha. Eu esperava alguma coisa diferente, sei lá… Parece que ficou meio manjada principalmente pelo lance do Aranha aparecer pra pedir uns conselhos pro bambambã. Muito parecida com a historia do Destino, mas foi uma sacada muito boa a resposta que Lee deu pro Aranha. Outra coisa pra dar uma olhada é na hora que Stan põe um disco do Jorge Ben na vitrola e vai rolando uma letra de alguma música e os desenhos estilão retrô, puro anos 70. Mais uma prova do que a criatividade é capaz pra superar as barreiras e limites de uma mídia sem som e movimento. Pontos pro desenhista Olivier Coipel e o colorista Morales.

Depois disso, o momento mais nerd da revista. Eu curto muito o que o Joss Whedon vem fazendo em Astonishing X-men, mas essa história – mais a conversa dos 3 caras me deu nojo. Parece aquela música do Legião …festa estranha, com gente esquisita… - Eduardo e Mônica. Só que aqui ficaria “convenção estranha, com nerds esquisitos, eu não to legal…”.
Tem umas sacadas legais tipo: O Quarteto Normal, O Incrível Doc Banner de Mau Humor, Gwen Stacy morta por Herpes-Zoster… mas é muita nerdice pra mim. Não gostei.

Nos anos 80 saiu uma revista chamada Fred Hembeck Destroys The Marvel Universe de um tal de… tcharans, Fred Hembeck. Nunca li essa historia e nem sei quem c@r@lh0$ é Fred Hembeck, só sei que é uma puta esculhambação com os heróis Marvel e só. Na historinha de duas páginas dele, dá pra perceber um estilo bem MAD, bem americanóide, mas mesmo assim é uma boa história.

Não tem muito o que dizer da historia do Coisa. É um dos personagens mais bem definidos dos quadrinhos e tem mais personalidade do que toda a Liga da Justiça junta. Você lê e sabe quando ele está sendo escrito de maneira errada, bem diferente de… por exemplo, o Super-Homem mesmo. Tem historias que o Azulão é retratado de maneira simplória, inseguro, humilde e em outras arrogante, prepotente, o salvador da humanidade. É um personagem que não tem apelo nenhum pra mim, assim como o Batm… vou parar por aqui. Não quero que minha casa seja bombardeada e meu cachorro assassinado (quando eu tiver um) por algum fã indócil. Voltando à historia do velho sobrinho da Tia Petúnia…não tem como errar aqui, ainda mais com o pai da criança conduzindo a história. E o mais do mesmo também serve pro Lee Weeks, sempre competente em seu traço, diferente de outros desenhistas da sua geração que se tornaram mais relaxados com o tempo e o computador.

E em seguida uma (boa) surpresa: depois de tantos escritores “hypados”, queridinhos do momento (Bendis, Whedon, Loeb…) um momento Old School. Quem assume em seguida é o lendário Roy Thomas, ex editor chefe da Marvel nos anos 70 e discípulo do velho mago (ops, acho que esse era o Ozzy… ah, whatever…nevermind). Mais do que o traço do Scott Kollins, o grande barato dessa historia pra mim foi o de mostrar alguns personagens obscuros do passado da Marvel na era de ouro. O tal de Pai Tempo eu nunca tinha ouvido falar e muito menos que foi criado por Lee. Vivendo e aprendendo.

Muito comédia a historia com o Blob. Mais uma vez, Marvel in MAD way.

Diferente de tudo o que já fez antes com o Surfista Prateado, Lee nesta edição aproveita o ensejo, mais pra tirar um sarro do que qualquer outra coisa. Famoso por suas ponderações filosóficas, aqui o Surfista é mostrado mais como um chato de galocha falador e totalmente insuportável – assim como muitos estudantes de história, filosofia, “pensadores”, “góticos”, “poetas” e “revolucionários” que eu tive o desprazer de conhecer. Vale dizer também que este foi um dos últimos trabalhos do falecido desenhista Mike Wieringo pra Marvel.

Paul Jenkins é um escritor muito irregular. Apareceu como uma grande promessa de sua geração, mesmo já não sendo um novato e apesar de ter ganho um Eisner com a mini serie dos Inumanos, depois disso não produziu mais nada à altura, com trabalhos apenas medianos. Em O Mágico, Jenkins conta uma história simples, mas precisa e super bem bolada – pra uma puta babação de ovo. Mas no conjunto da obra ficou impecável. Depois de ler isso, sinceramente dá pra botar uma fé que ainda vai sair alguma coisa de muito bom com o nome de Paul Jenkins. Vamos esperar pra ver.

E pra fechar, uma historia hilária com alguns dos vilões mais babacas e obscuros da Marvel. Bem que podiam ter mais coisas nessa linha.

Na sua maioria, dá pra perceber um meio-a-meio no conjunto de histórias apresentadas aqui: nas escritas por Lee, total desencanação e até mesmo uma auto-zoeira consigo mesmo. O que é muito legal – por mais que Stan Lee seja realmente uma lenda viva da cultura pop (e ele sabe disso!), ele não caiu na armadilha que muitos outros – as vezes nem tão privilegiados como ele – caem: de serem prepotentes, arrogantes cheios de si e se levarem a sério ao extremo. Alan Moore é o maior exemplo. É inegável a enorme contribuição que ele prestou aos quadrinhos, mas o cara tem um ego desgraçado. E quer saber? Alan Moore nunca vai ser e nem chegar perto do que Stan Lee é e criou – agora f***u… tô morto. Agora já na parte em que são outros escritores pagando tributo ao velho mestre, se nota total reverência à pessoa e à obra de Stan Lee. E é 100% merecido. Esse é o cara que criou (with a little help of her friends, Kirby e Ditko) esse mega império que hoje é a Marvel. Os melhores personagens. As melhores histórias. Os melhores gibis. Stan Lee fez tudo isso e com seus mais de 80 anos ainda ta na ativa até hoje, seja fazendo pontas nos filmes da Marvel ou escrevendo gibis como este, o bom velhinho não para – o que é ótimo. Como fã, eu me interesso em tudo o que tenha o nome Stan Lee impresso por saber que lá vai ter o que eu procuro: diversão total e sem frescuras.

Eu me lembro quando eu comecei a ler os meus primeiros gibis, isso em 86, 87… e sempre tinha lá no título a famosa chamada Stan Lee apresenta. Eu falava para todo mundo que ele era o dono da Marvel e que um dia eu ia ser desenhista, ir pros EUA trabalhar lá e conhecer o meu ídolo. Daí para cá, já foram 20 anos, nunca fui pros Estados Unidos e não conheço Stan Lee, mas ao ler historias como esta e mesmo entrevistas ou textos escritos pelo Mestre, é impossível deixar de ter a impressão de que além de ter sido responsável pela revolução que mudou a história dos quadrinhos nos anos 60 e de ter criado o meu personagem preferido, um tal de Peter Parker, o velho Stanley Lieber deve ser um tiozinho muito gente boa.

Então, Marvel Apresenta 31 – As Incríveis Aventuras de Stan Lee é uma revista bem bacana, bem escrita, bem desenhada, sem amarras de cronologia, sem necessidade de ler as histórias da Marvel dos últimos 20 anos se bem que fica mais divertida se você for “das antigas”, mas isso não influencia em nada. É uma revista indicada pra qualquer um e que diverte e entretém à todos, o que o principal. Vale a pena dar uma conferida por todos, sejam leitores ocasionais ou fãs hardcore. Diversão 120% garantida, eu “recomendio” e “agarantio”.

E tenho dito!



Saca só essa: Pra homenagear o criador dos melhores heróis de todos os tempos, My Hero do Foo fighters, gravada ao vivo quando eles vieram aqui no Rock in Rio 3 em 2001:

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Entende??



Deus salve o Corinthians, porque São Jorge não tá com essa bola toda...




Com essa clássica expressão imortalizada pelo nosso queridíííííísimo Pelé, o rei da diversidade vocabular da língua portuguesa e uma digressão – esta, afinal, o que o fato de o Pelé ter vicio de repetir a mesma palavra tem a ver com o assunto de hoje, o Campeonato Brasileiro de 2007? (ops, outra digressão) – iniciamos agora, já passados 4 dias do fim do Campeonato (Tricolooooooor, Eee-ooo!!!), um balanço desta temporada do nosso futebol.
Era na verdade, pra ser um texto comemorativo da conquista do penta campeonato pelo meu time, mas alem de estar um pouquinho atrasado – o titulo foi conquistado há um mês atrás - seria como cair na repetição da mídia que já vem falando há uns 2, 3 anos: "São Paulo é o melhor time do Brasil…" , "O São Paulo é um exemplo de direção administrativa…" e bla bla bla… Bem, isso não se discute – até onde a gente sabe – mas melhor não. Em vez disso, preferi fazer um apanhado de algumas coisas que eu vim observando no futebol brasileiro de uns tempos pra cá.


1 - Tricolor Penta Campeão

Sou são paulino incondicional – apesar de não tããããããão dedicado como há muitos anos atrás – mas mesmo assim, é muito bom ver mais uma vez o meu time se sagrar campeão de forma tão definitiva e inquestionável como foi no Brasileirão deste ano. Com quatro rodadas de antecedência! Nunca antes nenhum time havia realizado tal feito. É pra se ficar mesmo orgulhoso quem for torcedor São Paulino – claro que isso não bota comida na mesa de ninguém e não faz desaparecer os seus problemas – mas é legal… isso não tem como negar. A ultima vez que o São Paulo passou por uma fase tão boa quanto a atual foi na sua fase de ouro, no inicio da década de 90, que foi quando eu me tornei um São Paulino, mais dedicado e passional naquela época – do tipo que chorava quando o time perdia algum jogo, principalmente quando era algum clássico. Mas, de boa galera… isso porque tinha 9, 10 anos na época. Hoje isso não rola mais. O.K.? O.K.??
Depois desse período clássico – conquista do Brasileirão de 91, duas Libertadores e 2 mundiais de Tóquio (92 e 93) e de um elenco espetacular que o Tricolor tinha na época (Raí, Muller, Palhinha, Leonardo e por aí vai…), o São Paulo passou por uma má fase que durou uns bons anos – dificilmente chegava em decisão, se limitando à fazer boas campanhas preliminares e "mijar pra trás" na reta de chegada. Em 2005 isso mudou. Primeiro, com o tri da Libertadores e consolidando o retorno aos bons tempos com o Tri no Japão em cima do Manchester – o mesmo que detonou com o Palmeiras em 99.
Em 2006 o Muricy assumiu, perdemos a chance de sermos tetra da Libertadores em casa pro Inter e só restou o Brasileirão de consolo. Este ano a mesma coisa, só que desta vez foi o Grêmio (malditos gaúchos…) que melou a nossa festa. E mais uma vez, faturamos o Brasileirão de forma lógica, clara e evidente, na ponta durante todo o segundo turno do campeonato, com folga e garantindo a taça 4 rodadas antes.
Melhor time. Melhor técnico. Melhor defesa. Melhor jogador. Hum… será que sou só eu que não estou 100% contente? Claro que ganhar um Brasileirão é sempre bom, mas pra mim isso não apaga por exemplo, os dois chocolates que tomamos do São Caetano no quadrangular decisivo do Paulistão no começo do ano. Assim como também gostaria que tivéssemos atropelado o Grêmio e partido pra cima do Boca na final da Libertadores, este ano também. Será que o resultado teria sido o mesmo da Sul-Americana, quando eliminamos os hermanos? Ano passado foi pior ainda: depois de fazer um impecável jogo de campeão durante toda a Libertadores, perder a final pro Inter foi um belo de um balde de água fria pra quem já dava o tetra como ganho. Acontece… Seja como for, se essa boa fase prosseguir, ano que vem será mais um ano espetacular pra nossa torcida e pro nosso time que sem dúvida nenhuma É O MELHOR TIME DO BRASIL - da ultima semana e da próxima também (tomara).

2 - Campeonato Corrido

Não, você não leu errado e nem está faltando palavra alguma no texto acima. É apenas uma expressão que pode representar bem o Brasileirão atual. Com o sistema de pontos corridos que é utilizado atualmente pela CBF na maioria de seus campeonatos, muita coisa da excitação e da emoção dos jogos se perdeu. Vou explicar: um campeonato de pontos corridos pode ser a forma mais justa de se conduzir uma mega competição como o nosso CB – ganha quem pontua mais e pronto – mas dependendo do momento em que se encontram, só são preciso umas 4, 5 rodadas pra marcar as cartas e já sacar quem tem chance e quem só está pra encher a tabela e quem vai pra segundona. Este ano foi a maior mostra disso: o São Paulo, vindo da eliminação da Libertadores, começou bem inconstante, nem sempre conseguindo bons resultados e boa parte do primeiro turno tiveram alguns poucos times na ponta (Cruzeiro, Botafogo) e depois que o Tricolor tomou fôlego e avançou, ninguém mais segurou, chegando a ficar até 15 à frente do segundo colocado. Car***o, 15 pontos são 5 jogos, pô!! Nenhum time conseguiu chegar nem perto. Não só uma mostra da supremacia do Tricolor do Morumbi, pra mim isso ficou com cara de jogo manjado. Este foi um campeonato em que as atenções não foram pra quem venceria o campeonato – que é o que deveria ser – mas em ver quais times seriam rebaixados (Saaaaaaaaaalve o Corinthians…) e quais comporiam o tal do G4 pra disputar junto com o São Paulo a Libertadores no ano que vem (que é uma coisa que eu nao consigo entender, "entende"? Pra que esses times se matam pra conseguir uma "vaguinha" pra disputar Libertadores e quando chegam lá só fazem lambança e não conseguem ir pra frente – tirando o São Paulo mesmo e a gauchada de uns anos pra cá). O Brasileirão deste ano foi um campeonato disputado de cima pra baixo.
É engraçado que se você parar pra pensar, vai ver que o futebol não é um esporte de encher os olhos – antes já foi bem mais – são poucos lances que chamam atenção durante uma partida, que na maioria das vezes é arrastada, são poucos gols por partida, já não tem mais aquela profusão de craques como tinha (meio que já escassa) até o final da década passada (Ronaldo, o gordo em 93, Ronaldinho dentuço em 98 e Robinho em 2002) e estes quando aparecem, logo são sugados pelos milionários clubes europeus, que só nos deixam ficar com "relíquias" do quilate de Edmundo e o Túlio que ainda faz uns golzinhos aí num timeco da terceira divisão. Com o passar dos anos e a globalização (sempre ela…), houve uma aproximação maior do futebol que é jogado aqui e o praticado principalmente na Europa, onde se é jogado um futebol mais frio, tático, truculento e que não prioriza as belas jogadas, dribles e a ginga e malemolência que era mtradicionais do futiba tupiniquim (odeio essa expressão).
O esquema tático ficou em primeiro lugar em detrimento do espetáculo e dessa forma, toda uma nova maneira de se organizar um time e posicioná-lo em campo surgiu desse intercambio do futebol mundial. Pode ver que até as funções dos jogadores em campo mudou – principalmente o papel do lateral que antigamente era um jogador de apoio na armação de jogadas e hoje serve como um armador recuado que vai e volta e ainda ajuda a defesa, podendo também ser usado como terceiro e até quarto zagueiro dependendo do esquema tático armado pelo técnico – como por exemplo, o Richarlyson no São Paulo mesmo que se desdobra em várias posições. Não existe mais aquele lance de "ponta direita", "ponta esquerda", a maioria dos times se resume a um centroavante e cada vez mais vai ser difícil de se ver uma dupla de ataque do naipe de Bebeto e Romário, que botaram pra f**** na copa de 94. Hoje é mais importante defender do que atacar, e um dos principais expoentes dessa (não tão) nova tendência é o técnico do São Paulo, Muricy Ramalho que ganhou os seus dois títulos pelo time basicamente dessa maneira: defendendo (muito) e contra atacando (o absolutamente necessário) e com seu jeito marrento, mulato e manhento conseguiu obter suas vitórias e administrar os resultados, com jogos decididos no grito e na ponta do lápis. E pra endossar mais ainda o que eu tô falando aqui: o (goleiro do São Paulo) Rogério Ceni foi escolhido como o melhor jogador da temporada por 2 anos consecutivos!! Tudo bem, ele pega no gol pra caramba, bate falta e penalty bem mas... sei lá, alguma coisa não anda muuuito certa nisso. Cadê o tal do "futebol arte"?
E com a adoção do sistema de pontos corridos, mais um elemento da essência do futebol se perde: o fator emoção. Os times tinham que se matar até o fim pra vencer, pra conquistar o premio máximo: o campeonato. Não se contentar com sua mediocridade e limitações e apenas brigarem por posições secundárias e terciárias na tabela a fins de obter vaga pra algum torneio internacional - Libertadores e Sul-Americana (digo, quem liga pra Sul-Americana?) e pra não ficar na zona de rebaixamento. Tem um filme do Stallone, que eu tô em dúvida agora qual que é, se o Falcão braço de ferro ou algum Rocky, em que ele diz uma frase que eu uso como filosofia de vida: O segundo lugar fede! (será mais uma perola made by Jeph Loeb, o rei das frases feitas?) É uma bela frase, mas que não tem muito apelo no futebol brasileiro: o segundo lugar aqui é uma maravilha. O terceiro e o quarto também, só não pode chegar no décimo sexto, décimo sétimo em diante… aí o bicho pega.
As vezes o mais justo não é o mais emocionante ou divertido, mas do que eu tô reclamando? Meu time é bi / penta campeão brasileiro e ainda posso dizer 100% convicto que foi de maneira justa e não à base de roubalheira como alguns em outras oportunidades (Timão, eeeeoooo!!!) e ainda por cima, aqui no Brasil que, venhamos e convenhamos… o que de justo tem por aqui?

3 – Cagaram no Timão e limparam o C* com o dedo!

Sem nenhum ressentimento, ódio, desprezo ou qualquer outro sentimento negativo que pode ser atribuído (merecidamente) ao Corinthians, mas a seguinte frase é perfeita pro epitáfio do timão este ano: Nada como um dia após o outro. Explico com todo prazer… nunca tinha visto coisa mais escabrosa desde que eu comecei a curtir futebol do que aquela lambança da máfia da arbitragem em 2005 que acabou favorecendo o Corinthians e que o fez ganhar aquele campeonato injustamente. Era uma corja desgraçada: Kia, Msi, criminosos russos, os próprios árbitros… aquele campeonato deveria ter sido anulado e apagado da historia do futebol brasileiro.
Nestes dois últimos anos, o Timão vem sofrendo de uma derrocada lenta com destino certo à mediocridade, cujo tiro de misericórdia foi dado no ultimo domingo, na ultima rodada do campeonato, com a confirmação do rebaixamento pra segunda divisão no ano que vem. Não teve camisa, torcida, mandinga ou macumbaria da grossa e nem ameaça de morte que desse jeito. Nem São Jorge teve poder o bastante pra livrar o Coringão da zona de rebaixamento. Campeão num dia, segundona no outro – nada como um dia…após o outro.
Uma coisa que a torcida do Corinthians não pode reclamar é de falta de chance. Tem que ser muito idiota de achar que a culpa é do Paraná, do Goiás ou mesmo do Grêmio, com quem disputou o ultimo jogo em Porto Alegre no domingo. A má fase do Corinthians já vem de muito tempo e o resultado final só podia ser esse. Se bem que eu não tava levando fé durante o ano todo de que isso iria acontecer devido à vários e diversos fatores que podiam influir no andamento da queda do Corinthians (tapetões, máfia dos cartolas, a própria CBF, o plim-plim…) e esperava que em algum momento do campeonato fosse ocorrer alguma virada de mesa que livrasse o rabo do Timão de ser rebaixado. Não acreditei 100% que isso fosse ocorrer até o apito final no ultimo jogo neste domingo. Bem, eu estava errado (acontece uma ou duas vezes no ano…) e taí a alegria de todos os São Paulinos, Santistas e Palmeirenses pra coroar e a espetacular primeira página do Lance de segunda (toda preta, só com o logo do jornal e o preço) é o retrato perfeito do estado em que o Corinthians e seus torcedores se encontram: em luto. Ainda mais se levarmos em conta como é mesmo "fiel" essa torcida – os caras matam trampo (os que tem algum) em plena segunda-feira pra ir protestar no Parque São Jorge, ligam pra casa de jogador ameaçando a família do cara de morte, quebram orelhão, fazem zona nas ruas, choram feito criança pras câmeras de TV do Brasil inteiro, podendo as vezes Por em dúvida até mesmo sua virilidade ou falta dela… Crap…very crap. Surpreso de não ter acontecido uma onda de suicídios coletivos esta semana (dependendo de quem fossem, até que não seria uma má idéia). Ou de atentados às famílias de jogadores, dirigentes e comissão técnica do Timão – talvez uma surpreendente mostra de maturidade por parte desses torcedores que decidiram passar direto pra aceitação, pulando a negação, a ira, a barganha e a depressão – os 5 estágios da perda. Melhor assim.
Mais puta deve ter ficado é a Globo. A maioria das transmissões de jogos do Campeonato Brasileiro eram do Corinthians. Agora com o ele na segunda divisão, com certeza os jogos do Brasileirão do ano que vem terão menor audiência – vai ser uma bela cambada a menos com a TV ligada no plim-plim de quarta a noite e nas tardes de domingo – bom pro seu Silvio e pro Bispo.
No mais, não é o fim do mundo pra fiel torcida – ainda vai poder acompanhar alguns "clássicos" no estádio, mesmo na segundona: Corinthians X Bragantino, Corinthians X Paulista de Jundiaí, Corinthians X São Caetano, Corinthians X Brasiliense… não é tão ruim assim, vê?
É a vida… Nada como um dia após o outro.Vence um campeonato no cambalacho e é rebaixado 2 anos depois. Bad karma, eu diria – se eu não fosse agnóstico convicto de fé (essa foi boa).

Foram mais esses mesmos os destaques do CB deste ano que eu queria dar uma passada. Como diz um tiozinho que trabalhava comigo: que este ano seja melhor do que o ano passado e pior do que o ano que vem. Este ano já foi, mas fica aí a expectativa pro ano que vem.
Saaaaaaaaaaaalve o Tricolor Paulista, penta campeão brasileiro.
E salve o Corinthians (tá precisando mesmo, só São Jorge não tá dando muito certo)
Saca só essa: na falta de algo mais original pra acompanhar este artigo, pra quem quiser, o hino do campeão brasileiro com todos os méritos (quantas vezes você já não ouviu isso este ano? Puta falta de originalidade…): http://www.4shared.com/file/31386500/ec462a7a/Hino_do_So_Paulo_Futebol_Clube_-_Normal.html o São Paulo Futebol Clube, campeão Brasileiro de 2007.