terça-feira, 23 de outubro de 2007

Uma Verdade Inconveniente


Parte 1 – Hipocrisia E Dualidade



Este ano, tivemos vários acontecimentos impactantes, revoltantes na sua maioria, que mobilizaram a opinião pública, alguns tendo sido super-expostos pra depois caírem no esquecimento – como o caso Renan… agora que ele se licenciou, mal se comenta sobre o assunto no Senado, mesmo ele estando com CINCO processos nas costas no Conselho de “Ética”. Mais uma vez, a mídia do esquecimento vai entrar em ação e o garoto vai continuar numa boa curtindo uma bela e saborosa pizza (de calabreza, aposto) e mais um rolo inconcluso vai ficar para a história – e quanto menos se falar nisso, melhor.

Quer outro exemplo? A crise aérea que vem se arrastando desde o ano passado, cuja conseqüência mais grave foi o maior acidente aéreo da historia, com 199 vitimas em julho. O que mais se falou disso? Pra se ter uma idéia do quanto esse assunto está tão ultrapassado, até o bode expiatório que eles arranjaram na época, o empresário Oscar Maroni Jr., meu amigo pessoal e dono da casa noturn… ops, “balneário recreativo para adultos” Bahamas, já é noticia velha. Maroni, que foi preso ao se constatar que o prédio que estava construindo para seu novo hotel ultrapassava a altura máxima necessária para decolagens no aeroporto de Cumbica. Só o que eles não fizeram questão de dizer é que alem de esse com certeza ser um risco para a segurança dos passageiros tem vários outros que precisam ser averiguados e responsabilidades para serem atribuídas para as pessoas incumbidas de cada uma delas. Tudo bem, o prédio na altura que se encontra pode ser um risco mesmo, mas e o chão da pista? E os próprios aviões que alguns já passaram do seu tempo útil e seguro de utilidade? E os órgãos responsáveis pela segurança aérea que são administrados por pessoas que não entendem nada do assunto, os famosos cargos de confiança do governo, (tudo pela família) onde a competência é a ultima coisa que importa? Bem, tem diversos fatores para ressaltar aqui, mas o mais grave deles com certeza, é a porra do puteiro do lado do aeroporto. Cara, que puta safadeza isso (e esse trocadilho grosseiro também)! A moral acima de tudo, patriarcais que somos! Pois bem, fecharam o puteiro, prenderam o dono, o piloto que não tá aqui para se defender foi o culpado e os cargos da ANAC continuam a serem negociados pelas legendas em troca de favores políticos – e não se fala mais nisso, porque o importante agora é aprovar a CPMF e garantir que o STF não meta nos conchavos e tramóias partidárias. Resolver problemas pendentes de ética (essa ilustre desconhecida) no Senado… crise aérea – quem morreu, morreu… reforma política, segurança pública… pra que? A mídia tem o poder de fazer um puteiro ter mais importância do que tudo isso.

Em tempo: Oscar já foi solto, logo que as “providencias mais urgentes” à respeito da queda do avião da TAM que matou 199 pessoas em julho foram tomadas. Não se pode dizer que ele não fez sua parte: enquanto as investigações – meio que na má vontade - sobre o acidente corriam pela moita, ele curtia sua celinha de luxo com TV a cabo, quem sabe, com visitas privativas de algumas de suas funcionárias – nada mais normal…o cara é dono de um puteiro, oras! Mas segundo o Governo do Estado, isso não é permitido. Mais uma prova aberrante da hipocrisia do Estado - que até então desconhecia a existência de boates noturnas, coisa que é proibida por lei. Depois que tudo virou noticia velha, soltaram o cara – e o puteiro reabriu! Ou seja, agora que já se passou o período de luto, pode voltar a putaria, só não pode é derrubar avião, de resto… porra, pensando melhor,eu bem que gostaria de ir lá um dia, curtir a vista dos aviões – as garotas, não os da TAM. Tenho muito apreço à minha vida, que fique bem claro.

É mais ou menos assim: quando surge um escândalo que pode afetar o funcionamento da máquina como está, cômodo para quem interessa, de primeiro a mídia bate em cima impiedosamente, cumprindo o seu papel de defensora da opinião publica e do direito do povo à informação, só pra constar. Ai o povo mostra sua indignação, entra em ação as Ong´s de finalidades e utilidades excusas e seus militontos, suas marchinhas revoltadas, os intelectualóides e pseudo “sociólogos”, “historiadores”, “pensadores” se reúnem nos barzinhos de suas faculdades para seus debates etílicos e baseados (this is not a chiste) em sua visão algumacoisaista, (marxista, trotskista, stalinista, lobbysta, porrista…) donos da verdade que são … um monte de merda. Quando o assunto começa a tomar grandes proporções… acontece alguma outra coisa que desvia toda a atenção nacional para ela. Alguma coisa fodidamente terrível que faz o fato anterior ser algo totalmente inofensivo e insignificante como um… sei lá, um anão sem pernas. Enquanto isso, vão se apurando “fatos”, a coisa começa a relaxar, afrouxar, o que era grave ontem, hoje já não é tão importante…Depois, o que era noticia durante 3, 4 telejornais ao dia, vai ficando cada vez menos noticiado, jogado lá pro meio do noticiário, entre a velhinha que ganhou na loteria em Santa Rita do Passaquatro e o jogo do Vascão pela Sul Americana. Aconteceu com o mensalão, quando no auge das investigações prenderam o Maluf… ta, qualquer debilóide sabe que o Maluf é um puta dum ladrão demoníaco, desgraçado e tudo mais… mas por que foram prender ele justo naquele momento, no auge do escândalo com o governo? Porque ele não foi preso nos anos 80, na época da Paulipetro, quando ele era o Governador do Estado? Ou quando ele estava na prefeitura de São Paulo, no começo dos anos 90? Porque naquela época, ele era intocável? Já no momento do mensalão, do Valerioduto, grana na cueca e do caseiro do Palocci, quer um bode-expiatorio melhor do que o ladrão político mais notório do País? E foi a mesma coisa que com o Maroni: depois que aliviou as coisas lá em Brasília, o Malufão e seu filho foram libertados, não antes de ter sido execrado em rede nacional pelo Fantástico e por outros meios de comunicação. Você acha realmente que aquele tempinho que o Maluf passou na prisão foi o suficiente para ele pagar por todos os crimes que ele cometeu? É por isso que a pesar de tudo o que eu disse aqui, eu como muitos (pelo menos uns 10) milhões ainda voto no Maluf – um dia, eu explico por quê. Mas não agora. O inimigo do estado no meomento é a pirataria e a venda ilegal de carteirinhas de estudante. Esses malditos falsificadores…A bola está com eles agora – pelo menos é o que diz a Globo.

Na verdade, o mote deste texto é o de falar um pouco sobre a cultura dos scans de revistas, pirataria de softwares, mp3, filmes, tênis, óculos escuros, enfim… e como isso afeta o mercado fonográfico, cinematográfico, editorial… e tentar estabelecer relações sobre como algo de relevância menor no esquema geral pode ser utilizado como bode expiatório para encobrir e desviar a atenção de algo muito mais grave ocorrendo, mas que não é da (má) vontade do sistema de mudar. Ou seja: o Zé Buceta e sua banquinha de cd´s falseta (rimou!) é um mal maior do que o agora ex Presidente do Senado com 5 processos no Conselho de ética do próprio Senado ou o mal estado em que se encontram as estradas brasileiras, aeroportos e a segurança pública.


Parte 1.2 - Moral e Ética X Vida Real

Se tem uma coisa – entre tantas outras - que me deixa puto, é gente “moralista”. O que é “moral”? Quem define os padrões de moralidade? Onde, em que lei universal, por exemplo diz que um cara ser partido no meio num gibi ou num filme é moralmente permitido e um par de belos peitinhos, não? É estranho, né? Essa mesma moral que eu vi ser alardeada incessantemente, vem sendo o assunto da moda nestes últimos meses. O maior exemplo disso é ver a Globo (sempre ela) batendo pesado na venda ilegal de carteirinhas de estudante e na venda de produtos ilegais – a chamada pirataria, por meio de campanhas publicitárias de “conscientização” ou botando o seu departamento de jornalismo para trabalhar duro contra a pirataria.

Não vale entrar aqui no mérito de que a Globo deve fazer isso porque é dela o maior prejuízo que disso advém, seja porque lhe pertence praticamente toda a produção de cinema nacional, a maioria do efetivo dos artistas de MPB principalmente fazer parte de sua gravadora, Som Livre ou de possuir a alma de quase todos os atores nacionais, sejam eles do cinema ou teatro… isso não tem o que questionar. A Globo mais do que qualquer outra emissora do Brasil, é uma empresa. Uma mega empresa que visa lucros – e é extremamente bem sucedida nisso – e se algo está obstruindo o seu ganho, ela tem mais é que combater isso com as armas e recursos que mais lhe aprouver, para garantir seus direitos. É a maior emissora do Brasil e uma das maiores do mundo! Não foi sendo branda e compassiva que a rede do “nosso pai” Roberto Marinho se tornou o que é hoje. É o que eu digo quando vem um filho da puta, uma vaca pra mim e fala que ficou revoltado(a) porque parou de passar a série do Angel na Globo, terça às 3 da manhã ou que acha as novelas e o futebol de fim de semana uma merda de mal gosto e que foi uma sacanagem censurar as cenas mais violentas do Samurai X. Porra… ta mais do que certo! Que se fodam os 5 fãs do Angel que viravam as madrugadas de segunda pra terça pra assistir o vampiro canastrão… Eu sou muito fã de Samurai X, mas se o horário não é próprio pra criançada assistir as aventuras do nosso bom retalhador e as mães estão indóceis, Bob Esponja neles! E novela e futebol na tv é uma merda? Só nerd e roqueiro revoltado que acha isso. Aposto que as mães de todos eles prefere assistir o Fagundão ou o Tony Ramos do que um episodio de Naruto (e os anunciantes também). Enfim, analisando pelo viés comercial e administrativo, a Globo é um exemplo de visão corporativa à ser seguido por qualquer empresário que queira ser bem sucedido, seja de qual segmento. Eticamente… nem tanto…mas… o que é moral e ético? Se você me perguntar, eu sinceramente vou pensar, pensar e dizer que não sei explicar, mas não preciso saber também, pois tem tantos defensores ferrenhos da moral e bons costumes e donos da verdade para servirem de exemplo que minha opinião é menos do que nada, nothing, nyet, zipardonio, zilch…

Parte 2 - Vícios

O que é um formador de opinião? Basicamente pode-se dizer que é aquele que por meio de um discurso é capaz de mobilizar um grupo de pessoas a um pensamento ou uma atitude, à uma idéia em comum, de acordo com seu interesse – ou não, como diria Caetano. Geralmente é atribuída à mídia o papel do formador de opinião, o que é um erro. Ele pode ser um órgão de comunicação ou até mesmo só uma pessoa que molda a opinião de uma massa de acordo com a sua própria. Um autor que passa a sua mensagem através de seus personagens numa peça, num filme, num gibi…O formador de opinião pode ser qualquer um – até mesmo o Zé Buceta citado acima. Onde a Globo diz que pirataria é crime, ele se for um cara esperto pode ter argumentos que defendam o que ele faz e assim, a diversidade acontece – os que são à favor e os que são contra qualquer assunto.

Como leitor já há quase 20 anos e entusiasta de quadrinhos que sou, vou falar um pouco do mercado de quadrinhos como eu o vejo e o papel dos scans nisso tudo.

Tenho 25 anos e leio gibis desde que eu tinha 5, 6… lá pros idos de 87 - na verdade, então, eu já leio quadrinhos há mais de 20 anos. Acho que é a negação de tá ficando velho, já tô chegando aos 30 daqui a pouco… Seja como for, pra quem é fã de HQ vai ficar mais fácil de acompanhar e entender o que eu vou dizer aqui: naquela época, 87, 88 foi um dos melhores períodos das historias em quadrinhos no Brasil: Demolidor de Frank Miller, X-Men Claremont / Byrne, Novos Titãs da fase Wolfman / Perez, Crise Nas Infinitas Terras, reformulação na DC… eu peguei tudo isso… muita coisa boa. Mas tudo tem seu preço e naquele tempo, à cada mês era um diferente. Tempos de inflação, Sarney… um gibi que custava 0,50 cz$, no mês seguinte, saia por 6,00 cz$. Com o passar do tempo, as coisas foram se acertando mais ou menos, tendo suas más fases de vez em quando, (época das tabelas em 92, revistas Premium…) mas nada que comprometesse o alimento do vício – eu reconheço que sou um viciado em quadrinhos, leio praticamente tudo o que sai e não tenho a menor vontade de largar, mas sempre tomando o cuidado de não deixar que isso me prejudique demais, seja deixando de acasalar com freqüência ou de passar por um idiota completo ao confundir o mundo real com o fantástico como fazem muitos “nerds” por aí.

Assim como eu, tem muitos outros fãs que também tem suas historias com os quadrinhos e cada um sabe do valor que isso tem em suas vidas, assim como cada um tem sua opinião sobre por exemplo qual editora é melhor, qual herói ganha de não-sei-quem, cada um sabe o que faz de sua vida e o que lê e como adquire o que lê. Um gibi em media custa 7,00 r$, o salário mínimo é 380,00 r$ e não é de nenhuma boa vontade das empresas de pagar um salário justo para seus empregados. Como a Globo, as empresas visam lucros e enquanto tiverem pessoas dispostas a encarar uma jornada de trabalho de 9, 10 horas por dia, de segunda à sábado por míseros 380 paus, sem almoço e condução, a leitura vai se tornar uma coisa cada vez mais supérflua. E priorizando o essencial, o que é supérfluo tem que ser cortado. Então, o Lanterna Verde e o Tio Patinhas que me desculpem, mas eu preciso (e prefiro) comprar um quilo de carne com esses 7 reais do que comprar um calhamaço de papel jornal com um cheiro fortíssimo de tinta, ainda mais que eu sou alérgico à tinta .

As editoras também são empresas e também precisam de lucros para sobreviver, mas eu já defendi o ponto de vista administrativo e ele vai muito contra o meu ponto de vista pessoal: num País em que se ganha tão pouco, um gibi de 7 reais é menos importante do que por comida na minha mesa.

Sendo bem prático: o salário de hoje não tem o mesmo valor de 10 anos atrás. Quem podia se dar ao luxo de comprar seus gibis e isso não afetava suas despesas, hoje tem que economizar pra passar o mês sem apertos. Isso é ponto pacifico e é uma coisa que os “defensores da moral e da ética” esquecem de dizer, talvez por não passarem por essas necessidades vivendo em seus apartamentos no Leblon. Então o leitor de outrora, que não pode mais manter sua coleção e que não quer ficar sem sua cota mensal de diversão e cultura, (por mais que tenham idiotas que menosprezam os quadrinhos no Brasil onde “gibi é coisa de criança”) tem nos scans uma opção de manter sua leitura e no caso de alguns fãs mais hardcore - como eu, seu vicio.

É o mesmo do fã do Calcinha Preta ou do Latino e que não tem 35 paus para pagar no CD original, bonitinho com encarte e legalmente politicamente correto com notinha fiscal. Ele não vai deixar de comprar um cd que custa no máximo 5 pilas, de fundo verde, qualidade porca, sem encarte, (ohhhh, que grande perda) mas que tem as mesmas músicas – que é o que importa mesmo no cd - em detrimento de um original na loja, só porque algum bundão disse em sua pagininha na internet que isso é errado.

Não suporto cheiro de cigarro, mas meu pai fuma e tenho amigos que fumam. E quando o nego não tem 2,50 pra comprar um maço? Vai na banquinha do Joe lá na esquina e você vai achar diversas marcas pra escolher, tudo made in Paraguai. Mas ai a Souza Cruz, com seus cancerígenos politicamente corretos, que faz tudo dentro da lei, paga seus impostos e emprega trabalhadores, sai no prejuízo… fuck up! O importante pro viciado é soltar fumaça, não importa por onde – e nem de onde. Vai fazer mal pro pulmão de todo jeito, mas alivia no bolso. E já que os dois (o politicamente correto e o chicano) matam do mesmo jeito, economizando pelo menos sobra uns trocados pra comprar o cafezinho do velório e o caixão.


Ai entra nosso amigo reacionário bundão dizendo que isso é moralmente anti-ético e que isso é um problema. Sempre vai ter alguém para opinar, criticar, mas pra oferecer soluções, nenhum corno se habilita. E depois vem reclamar que o povo é assim mesmo… que todo mundo tá (mal) acostumado e errado em sempre arranjar um jeitinho… Isso é certo. Somos mal acostumados. Adoramos um jeitinho mais fácil de conseguir as coisas. E quem não é? Oh, mas isso é ilegal. O prefeito da sua cidade desviar verba publica para comprar uma chácara ou um iate também é. Dos males qual o maior? Tenho certeza de que o pião que rebola pra passar o mês com o salariozinho de merda que ganha e sobrar um troco pra comprar o seu “careta”, pagaria 3 pilas numa caixinha de Marlboro, se tivesse condições pra isso, mas como não tem, ele se vira com um Campeão que custa no máximo 1 real e vai esfumaçar o pulmão dele do mesmo jeito. Agora manda o político parar de roubar, seu piadista. E no final qual dos vícios é mais prejudicial à sociedade?

Parte 3 - Scans War: De que lado você está?


Voltando ao rolo dos scans… Como já disse antes, eu sei que o mercado de quadrinhos precisa das vendas pra subsistir, assim como qualquer outra empresa. E que se chegar a um ponto em que ninguém mais compre o que sai nas bancas, essas editoras serão obrigadas a fechar suas portas e conseqüentemente o mercado de quadrinhos deixará de existir. Mas nada é tão simples assim e também não tão preto no branco (até jornal agora é colorido) como os defensores dessa tese querem que pareça.

Por exemplo: eu colecionei por muito tempo a revista do Homem-Aranha, que é o meu personagem preferido e o qual eu acompanho tudo o que sai por aqui desde 88. Dos últimos anos para cá, esse personagem vem passando por péssimos roteiristas e amargando o seu pior momento em todos os seus 45 anos de historia. Mas fã é assim mesmo… é igual “mulé” de malandro, tá sempre junto. Pois bem, ao pagar 6,90 em uma revista do Aranha, eu era obrigado à levar junto uma historia do Venom, a qual eu nem sequer desfolhava as páginas de tão ruim que era aquilo. Não preciso dizer que sei a necessidade (e apoio) de se manter as revistas-mix e que este é o único meio viável de se publicar quadrinhos tanto aqui como na maioria dos outros paises e que também tenho a consciência de que dificilmente esse mix vai agradar à todos os leitores. Só que a indignação de pagar 6,90 numa revista que metade de seu material é descartável continua. É um dinheiro que vai e não volta. Pode não parecer muito, mas 6,90, mesmo sendo uma mixaria é muito se comparado ao salário mínimo de 380 paus. É como eu disse: o que era um dinheirão 10 anos atrás, hoje é trocado de bebum que não dá para comprar nem um quilo de carne. Mas mesmo assim faz falta.

E porque eu insisto no quilo de carne? Vou dizer agora: Eu baixei (mea culpa, mea máxima culpa) uma revista chamada Fell, escrita pelo Warren Ellis, um escritor britânico do qual não sou muuuuuuuuito fanático. Tem umas coisas espetaculares dele (Authority, Planetary, Nextwave) e outras que eu não curti tanto, (Transmetropolitan, Excalibur) mas uma coisa que eu gostei foi o posfácio dessa primeira edição de Fell, (que também não é nenhum épico) onde ele conta a historia da publicação dessa revista.

Basicamente é o seguinte: pra ele (e pra mim também), um dos grandes lances dos quadrinhos é o de você com um punhado de moedas e troco de pão, poder obter uma coisa que vai acrescentar algo à sua cultura ao comprar um gibi. É como dizem do próprio Authority: são mega filmes que nunca serão produzidos porque demandariam um orçamento obsceno e efeitos especiais impossíveis de serem criados, mas que podem ser apreciados no formato de uma revista em quadrinhos, fora que o cinema não conta com a capacidade de narrativa dos quadrinhos, disposição, formas de painéis, etc.

Maaaaaaaaaaaas na prática, não é bem isso o que acontece. Os ditos “trocados” são cada vez mais valiosos e fazem muita diferença no dia-a-dia. Não estamos mais nos anos 80, como o próprio Ellis deixa bem claro em seu texto, e foi aí que ele disse (com toda razão) que hoje é preciso escolher entre sair de uma banca ou livraria com um “pedaço de nova cultura” ou comprar um quilo de carne.

Mesmo sendo um escritor de quadrinhos e que depende da venda deles pra receber o seu bozó, Warren Ellis entende que muitas vezes você tem que abrir mão de algumas coisas supérfluas porque tem de contar cada centavo, mas mesmo que sua leitura básica não seja algo primordial para a sua sobrevivência básica, seria bom que você a tivesse por um custo acessível e justo, um punhado de moedas.

Então o que ele fez? Bolou uma revista com menos páginas que uma revista comum nos States, fazendo o preço dela baixar um dólar a menos do que o preço padrão das revistas de lá, com histórias fechadas em cada edição e auto-contidas, (não precisa de acompanhar outras revistas – os chamados tie-ins, pra entender a história) de forma que o sujeito consiga comprar sua preciosa “fatia de cultura” e ampliar a sua leitura, mas sem abrir mão da carninha pra levar na marmita. Não precisa dizer que essa não foi uma iniciativa que pegou: hoje Fell já não é mais publicado e as revistas de 22 páginas continuam em média 2,99 $ por lá.

E aqui? Quando não são as revistas mix de conteúdo muitas vezes duvidoso, que custam em média 6,90, são os encadernados com acabamento de luxo que na sua maioria, saem por um preço exorbitante e exagerado, sendo um verdadeiro desbunde mesmo para o fã de quadrinhos pagar 70, 80 paus num gibi, por mais espetacular que seja a historia.

Fora que muitas vezes as editoras não respeitam a opinião dos leitores e quando não empurram goela abaixo nos mixes de suas revistas o que ninguém quer ler, deixam de publicar o que eles pedem – por exemplo, em várias seções de cartas das revistas DC da Panini, tinham leitores pedindo a publicação no Brasil das historias do Homem-Borracha do Kyle Baker. Esse material saiu por aqui? Não.

Outra coisa: quem acompanha os noticiários, sabe que em certas épocas a cotação do Dólar cai, o que aproxima o seu valor com o do Real. E que isso acarreta na baixa do preço de alguns produtos como o petróleo, energia elétrica, pão francês e por ai vai. Quer dizer, porque quando baixa o Dólar, baixa a farinha de trigo, o leite, o açúcar, a conta de luz e os gibis continuam o mesmo preço? Porque as editoras só lembram de repassar os acréscimos aos seus leitores? Quando o preço de capa de uma revista sobe, a primeira coisa que eles dizem é que foram obrigados a aumentar por causa da situação econômica do País, por causa do Dólar e bla bla bla… era assim no tempo da Abril e é assim até hoje. Claro que não podemos ser injustos – as revistas mensais de 100 páginas da Panini estão pelo mesmo preço (6,90 r$) desde 2004 – se bem que eles descontam metendo a faca em suas mini-series e edições especiais. E falando em edições especiais… vez ou outra aparece uma Via Lettera, uma Opera Gráfica ou uma Mythos metendo 70, 80 pilas num encadernado se apoiando unicamente no conceito do autor ou na reputação da historia publicada. Eu não consigo deixar de encarar isso como sendo feito de má fé por parte dessas editoras.

Dai surge o impasse: todos queremos ler boas historias, mas a maioria não pode, outros não querem pagar o preço imposto - as vezes autoritariamente pelas editoras – e ai… o que fazer? Deixar de ler? Afinal: “(…)quadrinhos não são artigo fundamental. Você pode viver sem eles(…)” Claro que pode, mas daí a querer, é outra historia. Depois que se pega gosto por uma coisa, seja ela qual for, o estrago já foi feito. É como sexo: dá para viver sem, não é como comer (pensando bem, é sim vai…) ou respirar, mas vai dizer isso pro cara que tem sua rotina sexual definida pra parar de fornicar. No mínimo e com toda razão ele vai te mandar pra casa do carvalho – pelo menos é o que eu faria – em ambos os casos.

Claro que sempre ao se tratar de um assunto desses, a primeira coisa à ser vista é a situação de cada País: nos Estados Unidos, Joe Quesada e Dan Didio, os chefões das duas maiores editoras, Marvel e DC acreditam que os scans não prejudicam a venda de seus títulos por lá e um autor como o Warren Ellis pode se dar ao “luxo” de lançar uma revista, com um preço inferior ao de mercado, sem visar lucro imediato. Aqui no Brasil, a historia é outra: Os títulos principais de super-heróis são publicados em sua maioria em revistas de 100 páginas, contendo 4 historias cada em média, com uma distribuição de historias e personagens diversos, visando atender uma variedade de gostos da forma mais acessível possível, dentro de um numero limitado de revistas mensais. Outra desvantagem: temos uma defasagem de um ano do que sai nos USA e em muitos casos o cara que lê o scan da revista quando sai lá não vai querer comprar um ano depois pra ler a edição nacional. É como pagar (caro) por comida requentada – ou regurgitada se a historia for ruim – é, eu sei… este exemplo ficou muito tosco mesmo.

Este texto já era para sair há algum tempo, mas teve um artigo recente sobre os scans e o mal que ele representa para moral e ética do brasileiro (a única coisa que eu acho engraçada, é esses artigos começarem à sair só agora que a Globo começou a pegar pesado contra a pirataria) que li em um site sobre quadrinhos, cinema, cultura pop, que visito freqüentemente, apesar de não me agradar sempre - e que me incentivou à escrever de vez isso aqui. Foi o fuel que eu tava precisando pra dar a arrancada neste texto, (na verdade, eu fiquei foi puto mesmo e se eu escrevesse isso nos comentários de lá, teria meu texto deletado e meu IP bloqueado, como já aconteceu antes) então eu vou pegar alguns pontos do artigo original: http://www.melhoresdomundo.net/arquivos/006605.php e discutir algumas coisinhas.



3.2 – Legalidade E Moralidade Na Terra Do "Jeitinho"

Legalidade: baixar scans é ilegal. Financiar campanhas de reeleição com dinheiro público também é. Prostituição infantil é ilegal. Mas ninguém dá jeito nisso. Não me vejo como um criminoso fazendo download do Booster Gold e Astonishing X-Men que acabou de sair na Gringolandia, mas quando ouço falar de exploração infantil ou de abuso de poder – são coisas que me deixam doente. Dá vontade de virar o Justiceiro e meter bala nessa cambada de filhos da puta. Mas isso também seria ilegal, dá cadeia. Então eu vou continuar apenas baixando meus gibis aqui na minha, antes que eu me complique mais.
Além do que, esta é uma questão muito vaga. Por exemplo, ao comprar um cd ou um dvd original, bonitinho com encarte, tudo nos rigores da lei, com notinha fiscal e tudo o que tem direito, lê-se algo do tipo nas letrinhas miúdas: “É proibida a reprodução, locação, execução pública e radiodifusão deste disco, estando sujeito as penalidades previstas por lei.” Então o que eu faço com um cd de 40 paus? Se é proibida a reprodução, então não posso ouvi-lo, gravá-lo pra ouvir num mp3 player se eu quiser. Não posso emprestar, porque é vetada também a locação. Se o CD for uma bosta e eu quiser vendê-lo, sem chance, porque não vou poder emitir nota fiscal. E o que se entende por “execução pública”? Onde tem mais de duas pessoas num mesmo recinto pode se dizer que é um ambiente público. Então, se EU comprei o tal CD, apenas EU posso ouvi-lo? Se eu rolar um sonzinho numa festa ou sair de carro (quando eu tiver algum) vou estar sujeito a encarar um xilindró de acordo com a “lei”? E se eu aumentar um pouco a mais o volume do meu rádio quando tiver ouvindo um Foo Fighters e o som vazar pra fora de casa, o meu vizinho pagodeiro pode chamar a policia para me aplicar as “penalidades previstas por lei”?
Então o que se faz com um cd original de 40 pilas, de acordo com a “lei”? Enfia no cu??
Baixar scans desrespeita os direitos dos autores? Marvel e DC ficam nos Estados Unidos, como qualquer idiota sabe, e os editores-chefes de ambas editoras concordam que o download ilegal de scans não os prejudicam, deixando claro a sua posição quanto à isso. E fã de Joe Quesada que sou, o que ta bom para ele ta bom para mim. Next?

Moralidade: é como bunda. Cada um que cuide da sua e não meta o dedo na dos outros, a não ser quando for convidado ou estiver pagando por isso – Ugh! Mais um chiste chulo e gratuito! Falar de moralidade é voltar ao tema acima e confundir com legalidade: se tivesse algum artigo na tal da Lei dos Direitos Autorais validando o download de scans ou mp3 ou qualquer coisa que seja, ou saísse alguma emenda ou portaria dizendo que à partir de tal data, é permitido baixar essas coisas, aí já seria “moralmente” permitido e poderíamos todos dormir o sono dos justos, porque estamos fazendo o que é certo? Então a “moral” é algo tão volúvel que é orientada pelo que é determinado pelo legislativo? Isso é o mesmo que dizer que sua “moral” é baseada no que tipos como Clodovil Hernandez, Frank Aguiar e Waldemar Costa Neto legislarem. E qual o problema nisso? São todos congressistas “éticos”, de moral inquestionável e honestíssimos… e o Peter Pan existe, se você pular do vigésimo andar do seu prédio você vai voar que nem ele – até o chão pelo menos. Quer tentar?
Somos 170 milhões de cabeças pensantes aqui neste País, (ou pelo menos deveriam ser) e são 170 milhoes de pessoas diferentes, de criações diferentes, ideologias diferentes e limites diferentes do que é certo ou errado. Eu sou a favor de aborto, pena de morte e contra pastores evangélicos que se utilizam da fé das pessoas para enriquecerem e construir seus templos faraônicos e bancar seus carros importados, já minha mãe não. Por aqui, pastor só anda de Audi, BMW… eu acho isso uma filhadaputice do caralho. Mas vai falar mal do pastor da igreja da Dona Lucia pra ela… Então eu ainda não encontrei um padrão universal de “moralidade” que eu pudesse seguir e dizer que é o absolutamente correto, enquanto isso, eu mesmo vou decidindo o que eu faço ou deixo de fazer e pra mim os meus padrões me servem melhor do que os do Renan Calheiros, Joaquim Roriz, Homero Jucá e essa corja toda.

3.2.1 - Pra Não Ser Injusto…

Vamos ver algumas finalidades perceptíveis na pratica dos scans, mas que os detratores fazem questão de não citar:


Divulgação das histórias – com a globalização e o crescimento do acesso à informação e à inclusão digital, é praticamente impossível manter o ar de suspense e excitação das décadas passadas. Hoje, principalmente nos quadrinhos, cinema, series de tv, se sabe o que vai acontecer antes mesmo de tal item ser lançado no seu país de origem. Então, quando sai um exemplar de tal revista, ela já vai ter sido falada antes de seu lançamento. Mas de inicio só terá acesso à ela quem mora nos states ou quem importá-la (boy!). Com os scans, quem quiser, vai ter disponível a versão digital e ler a mesma historia que se pagaria 6 reais por aqui, fora as taxas de importação. Se for ver pelo lado da historia per si, o numero de leitores em potencial sobe - e muito com os scans, então, eles ajudam a divulgar as historias sim.

Rentabilidade – scans em teoria não são feitos com fins comerciais. É mais uma questão de ego. Eu acho que o que interessa mais pro cara que escaneia, diagrama e traduz é o de ver o seu nome nos créditos numa revista digital que vai circular por toda a rede, nas telas dos PC´s de vários fãs assim como ele próprio. Mas eu não sou do meio, então eu posso estar errado…
Já a pirataria de modo geral, é “totalmente ilegal, alimenta a industria do crime, deixa de gerar inúmeros empregos, prejudica os comerciantes”… se quiser saber mais sobre este assunto é só colocar na Globo. Eles estão pegando a pirataria como o vilão nacional agora que resolveram dar uma folguinha pro Renan.

Gosto popular – como eu disse, o respeito de certas editoras por seus leitores as vezes chega a ser quase zero. Muita coisa é empurrada sem os leitores pedirem e o que a gente pede na maioria das vezes “não está nos planos em publicar tal coisa” por ser “inviável”. Desse modo, quem não tiver a fim de gastar uma fortuna com um monte de gibi importado, pode encontrar na net títulos que nunca foram e nem serão lançados por aquí ou revistas que foram publicadas há 20, 30 anos e que nunca mais foram reeditadas.
Do mesmo jeito que o gosto popular na minha opinião justifica os scans e a diversidade que ele oferece com a vantagem de ser gratuito e se você não gostar da historia, é só apagar do seu HD e não vai ter nenhum ônus por isso, (só o de ter que conviver com sua consciência de pecador, mas isso é historia pra outras bandas) Se justifica também o fato de o Linux, apesar de ser uma “opção gratuita e viável”, não ter se firmado, mesmo com esses computadores do governo e o Windows ser o sistema mais popular e utilizado até hoje. O Línux é gratuito, mas em todo lugar que você vai, o pessoal só sabe (quando sabe) mexer no Windows. As vezes só muda a interface gráfica de um sistema pro outro dependendo da versão de línux, mas pergunta pro mano ou pra vadia que vai na lan house orkutar se eles querem usar um PC com Línux. A resposta na maioria das vezes será: “Linux? Com que se come isso??” A fácil acessibilidade e divulgação do Windows tornou-o o sistema popular que ele é hoje. Além disso, mesmo que a maioria dos PC´s domésticos tenha Windows pirata, (excluindo alguns santarrões que não compram softwares piratas e nem baixam mp3) muitas empresas (nem todas) compram produtos originais pras suas máquinas, então o preju não é tão grande assim. A mesma coisa com o Playstation, o que a Sony perde em venda de jogos, ela ganha na de consoles. A Nintendo veio na época da geração 128 bits com o seu Game Cube e sua midiazinha anti-pirataria e o que aconteceu? Ela se fodeu! Assim como se fodeu quando insistiu em continuar com um console de cartucho quando a Sony tava enchendo o rabo de dinheiro com o Playstation 1. O que define se tal produto é bem sucedido ou não é o numero de pessoas que tem acesso à ele. Se para isso, tiver que caminhar paralelamente e compartilhar lucros com a pirataria, que seja. Pior que isso é o esquecimento e a indiferença. Indiferença é morte.
Quando uma Ivete Sangalo ou um Calypso botam 1 milhao, dois milhões de pessoas num show na Paulista ou no raio que o parta, é muita ingenuidade pensar que todo mundo que tá ali tem um cdzinho original desses artistas. E se fossem contar apenas os que o tem, não dariam nem 1% do total, pode acreditar. Esse negócio de que pirataria atrapalha artista é tudo coisa da Globo e das gravadoras. Num País onde que com 50 mil cópias o nego já vai receber disco de ouro no Gugu ou no Faustão, se ele for depender só de venda de disco, ele tá é fodido – e não é fodido como a Nintendo que é um mega conglomerado da industria dos vídeo-games, é fodido mesmo! De ter que tocar no trem ou em associação amigos do bairro para comprar… um quilinho de carne do Warren Ellis.

4 - Pra liquidar enquanto ainda tô ganhando (ou pelo menos, enquanto penso que tô):

Falar de “moral” e “ética” é uma coisa complicada. Não que eu seja totalmente “amoral” e “corrupto” na definição ortodoxa da palavra, mas sim porque eu não acredito nesses arquétipos maniqueístas de “bem” e “mal”… o “certo absoluto” e o “errado absoluto”. O mesmo cara que é um explorador de criancinhas pode ser o cara que se joga na frente de um tiro pra salvar alguém de sua família… sei lá.
Mas seja como for, é mesmo complicado falar de certos assuntos. Comecei este texto com a idéia de falar sobre a “industria” dos scans, passar brevemente pela pirataria, e dissertar um pouquinho sobre a prática de encontrar um bode expiatório toda vez que uma sacanagem se torna conhecida pelo público. No final, acabou virando um texto de 10 páginas que eu tive que dividir em três partes, porque é impraticável lê-lo de uma vez só num blog de internet, onde a idéia é justamente a contrária – a de textos resumidos, diretos e objetivos. E nem sequer passava pela minha cabeça de acrescentar os comentários do artigo do Melhores do Mundo – até mesmo porque eu ainda não o tinha lido quando pensei em escrever isto aqui – e no final, acabou incrementando mais a idéia original e me colocando à pensar mais a respeito do assunto que estava escrevendo.

Sobre os scans e a pirataria: é totalmente compreensível a posição das empresas quanto a terem seus produtos falsificados e seus lucros desviados pra outras pessoas. Mas pelo outro lado, é absurdo cobrar 70 reais num dvd ou num gibi, numa peça de teatro ou pagar 300 mangos num Plasma original com a situação econômica do País que mesmo que esteja menos pior (e esse é o termo certo) do que há alguns anos atrás, ainda é inacessível para a maioria das pessoas. Se as editoras, gravadoras, fabricantes e a classe artística em geral acompanhassem a situação econômica, o papel que a Internet desempenha na sociedade atual e trabalhasse numa forma de passar um valor justo ao público, a pirataria não teria a força que tem hoje. No final, a culpa é deles mesmos, por pensarem apenas em meter as garras no que acham que é seu direito e se esqueceram que aqui é a terra do “jeitinho” e agora choram em rede nacional pra tentar sair do prejuízo. Agora já foi, baby, e o negócio é rebolar pra viver e… não sair do negócio. Enquanto isso, a 25 de Março vai continuar lotada de camelôs vendendo a “mesma” camiseta do Timão por 20 contos que na Loucos e Doentes do shopping vai custar 150 paus. E o mesmo com os tênis baciados, Windows pirata e Spy Glasses. Ah sim, os malditos, imorais e pérfidos scans vão continuar infectando os computadores da galera pelo mundo todo, seja em inglês, espanhol ou em português mesmo. O importante é enriquecer a leitura, e com a barriga cheia de carne de preferência.

Quero deixar bem claro aqui, que nunca é minha intenção ao escrever qualquer texto de ser vago, superficial e evasivo, nem de ofender ninguém, (as vezes a intenção é totalmente essa sim, mas não hoje) apenas quero utilizar um espaço que eu abri pra de vez em quando escrever algumas coisas que me vem à cabeça e que pra muita gente não deve valer nada, nothing, nyet, zipardonio, zilch – que é o mesmo que vale a “moral” e “ética” de muita gente por ai pra mim.

Saca só essa: se quiser ler na integra o discurso do Warren Ellis do tal do quilo de carne, aqui tá o link pra baixar a edição numero 1 de Fell, onde tem o texto completo do cara:http://www.4shared.com/file/27268076/7766f430/Fell01HQBR20NOV05OsImpossveisBRGibiHQ.html
Pra continuar no clima, segue também uma musiquinha ao vivo e rara do Metállica: http://www.4shared.com/file/27268539/857eee4e/Metallica-One_1121050229.html– que foi contra o Napster na época do boom do mp3 em 99, que foi quando se iniciou o loooooooooongo debate sobre pirataria de músicas na rede que dura até hoje. Espero que o Lars Ulrich não me processe por essa.













Um comentário:

Fernando Fumihiro Aoki disse...

Oi, Adriano... eu também sinto falta dessa época em que era mais fácil adquirir um gibi com histórias que você queria ler sem ter que contar tanto os trocados...

E obrigado pela informação do Warren Ellis e da iniciativa dele... ele tomou uma atitude em prol do bolso do leitor (e sabemos o quanto é difícil fazer histórias episódicas fechadas com menos páginas sem poder disparar cliffhangers a torto e a direito)

porque será que a estratégia de publicação desses gibis de linha de aventuras me cheira a estratégia de traficante de droga? você oferece uns peguinhas, até o cara ficar viciado, e aí pode cobrar o que quiser do cara que ele ficou dependente quimicamente do produto. por que será que eu vejo isso direto com os arcos de história e as mega sagas que envolvem todas as demais publicações da editora?

depois ficam me enxendo o saco quando digo que gosto das aventuras do Tio Patinhas do Carl Barks...